quinta-feira, outubro 11, 2007

Uma justa homenagem

Não sei se teve destaque ou se foi referenciada na imprensa regional, mas, uma vez, que já terá terminado o seu período de permanência no Ecomuseu do Seixal porque não trazer para Alcobaça esta exposição sobre um dos mais importantes e ilustres Alcobacenses? Quando tantos falamos em inovação, em investigação & desenvolvimento, Joaquim Vieira Natividade já o fez... e bem!
Uma vez que o espólio já não está em Alcobaça e, segundo se consta, seria riquíssimo, esta exposição seria de vital importância, até para gerar um olhar mais atento para o património florestal do concelho.

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quarta-feira, março 28, 2007

A Apresentação do Armazém das Artes

A apresentação do Armazém das Artes foi um encontro emocionante dos alcobacenses com o novo espaço de referência cultural da cidade. Surpresa e entusiasmo foram sentimentos fortes de quem visitou o espaço e participou na comunhão gerada pelas actuações dos artistas, pela vivência do espaço e nas conversas que sempre surgem nestas ocasiões.
Fica também o reflexo de um acontecimento aberto, com a formalidade essencial, mas com uma liberdade muito maior. Esse é o espírito do fundador José Aurélio e esse será também o espírito da fundação, certamente. Para já fica a promessa para todos os que viram nascer o Armazém que vão poder continuar a assistir ao seu crescimento e estar presente em todos os momentos da vida do Armazém das Artes. Para Maio está prevista a inauguração da colecção de escultura. Fica a expectativa de como irá reagir o edifício (também ele escultura) com as obras do Mestre!
A presença de algumas individualidades representa o reconhecimento da dimensão de José Aurélio, naturalmente, mas também um sinal de que o país olha para este projecto com uma expectativa crescente, assim a cidade também o encare e nele participe.

Alcobaça passou a estar dotada de um espaço cultural fantástico e que mereceu o repicar dos sinos do Mosteiro (não sei se propositado! De qualquer forma, parabéns ao Dr. Rui Rasquilho!). O AA será um espaço complementar ao Mosteiro e, em conjunto, prometem ser uma experiência cultural única. É disto que se alimenta a Cultura e, já agora, o turismo…

Parabéns ao Armazém das Artes e à coragem de José Aurélio

quinta-feira, março 15, 2007

Armazém das Artes com espaço na net

Trago uma boa notícia. A Fundação Armazém das Artes situada bem no centro de Alcobaça já tem disponível o seu espaço na net. Todos os curiosos sobre o que é, e o que vai ser, este espaço ímpar na cultura regional podem consultar toda a informação e admirarem a galeria de imagens. Ficarão também a saber que a Apresentação pública do edifício acontecerá a 24 de Março.
Garanto que só pela arquitectura do edifício vale a visita!
P.S. A todos os "agitadores" da blogosfera peço que ajudem a divulgar o projecto que nasceu de um sonho do escultor José Aurélio e que, neste momento, já tem forma. O envolvimento da comunidade também passa pelo nosso empurrão.

www.armazemdasartes.pt

sexta-feira, março 02, 2007

"PS quer novas instalações para o Hospital Alcobaça"

"O PS defende a instalação de novas valências no Hospital de Alcobaça e a construção de um novo edifício que substitua o actual com mais de 100 anos.
A proposta do Presidente da Comissão Política, Nuno Pereira, é apresentada no momento em que continua a decorrer o estudo do economista Daniel Bessa à rede hospitalar do Oeste.
No documento, Nuno Pereira defende o regresso do Serviço de Pediatria ao Hospital e o reforço das consultas externas com outras especialidades, como psiquiatria, dermatologia, urologia ou oftalmologia, e a instalação dos cuidados paleativos, cuidados continuados e o reforço dos meios humanos no Hospital de Alcobaça que funciona num edifício com mais de 100 anos, propriedade da Misericórdia. Sobre as condições físicas da unidade de saúde, Nuno Pereira deixa à consideração do Ministro uma reflexão sobre a possibilidade de se construir um novo edificio para instalar um Hospital com 120 camas." in Radio Cistér

Neste momento só me ocorre dizer isto: desconcertante. Nada mais.
Atrevo-me no entanto a dizer que deve ser por tomadas de posição destas que os resultados do PS têm sido tão brilhantes. É verdade que pedir não custa, mas para quem tem acompanhado o esforço de José Serralheiro (creio ser assim) em relação ao hospital do Oeste-Norte, esta pretensão de Nuno Pereira levanta um sorriso e pouco mais...
No entanto, como disse, pedir não custa.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Carta Educativa II

A Carta Educativa

Da análise superficial que consegui fazer ao documento de trabalho enviado pelo José Alberto Vasco ficam-me algumas interrogações quanto ao conteúdo. Para já ficam de fora as considerações sobre o ensino básico, muito centrado nas relações entre a evolução demográfica e a construção ou encerramento de novas escolas
No que concerne às propostas mais sonantes fica uma sensação (que espero existir por se tratar de um documento preliminar) de alguma desilusão.
a) Alcobaça volta apostar em sectores e cursos que os concelhos limítrofes já apostaram, caso dos cursos de gastronomia e informação turística. Basta olharmos para Caldas da Rainha e Óbidos e provavelmente a Nazaré. A hipótese até fará sentido se o concelho conseguir atrair e gerar investimentos que garantam empregabilidade aos alunos. Esta não tem sido a realidade e o investimento não se decreta…
b) A aposta numa escola (ou curso) de artes parece uma ideia clara de aproveitar a Academia de Música, por isso parece-me mais interessante focalizar a missão na música. Para além disso, Caldas da Rainha já terá dado passos na direcção das áreas do espectáculo.
c) Existe um inexplicável silêncio em relação à agricultura. Parece-me estranho que o sector económico que mais vitalidade e inovação tem demonstrado não tenha um paralelo educativo. Os projectos de investigação científica associados à maçã de Alcobaça, por exemplo, têm de gerar valências educativas. Áreas como a higiene alimentar e a qualidade e certificação de produtos são áreas de futuro, nas quais temos de apostar.
d) As generalidades em relação às novas tecnologias são também um foco de suspense, pois são remetidas para a Benedita, enquanto apoio à área de localização empresarial. Não há, portanto, um sinal de quais as áreas que a autarquia pretendia atrair ou para quem procurará gerar um ambiente favorável. Este, no entanto, não é um problema da educação.
e) Depreende-se também que a autarquia esquece sectores tradicionais da economia local como a cerâmica ou o vidro, que são relegados à categoria de arqueologia industrial. Se assim é, pelo menos aproveite-se esta vertente! Esta posição, face aos sectores industriais, merece uma reflexão profunda para percebermos se se trata de um questão conjuntural ou estrutural.
f) Não me parece também que existam projectos para o norte do concelho e aqui entraríamos em ensino profissional para indústrias de vocação tecnologia. A força do tecido empresarial ligado aos moldes necessita de funcionários qualificados e o concelho não pode ficar para trás em domínios de investigação e desenvolvimento.
g) Áreas como a geologia e a transformação de materiais geológicos também não foram contempladas e poderiam ser uma hipóteses para darmos o passo para uma indústria transformadora e não apenas extractiva. É esta ligação ao tecido económico que está pouco presente neste projecto.
Aguardamos com alguma ansiedade o desenvolvimento do trabalho e o envolvimento de especialistas (o que manifestamente não é o meu caso) para que a carta consiga ser um documento de referência estratégica para o concelho.
P.S. E por favor sejam humildes e apresentem publicamente o trabalho. Ao contrário do que pensam não estamos aqui só para dizer mal.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Outras práticas...

Deve ser a isto que alguns chamam de boas práticas…

Rio Maior
Torres Novas
Sines
Lousã
Oliveira de Azeméis
Vila de Góis
Vale do Sousa
Portalegre
Alenquer

Existe até o modelo da Associação Nacional de Municípios, por onde provavelmente Alcobaça também se inspirou…

Acho que esta pequena amostra é suficiente.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Já temos uma Carta Educativa...

Ficámos a saber, pela imprensa local, que foi aprovada a Carta Educativa de Alcobaça. Pouco mais tenho a dizer a não ser o seguinte: como pode um documento tão importante ser aprovado sem uma participação mais abrangente? A vereadora da oposição criticou o pouco tempo disponível para apreciação, talvez seja esse o motivo da abstenção... não sei. Ainda passei pelo site da CMA à procura de um documento, mas apenas encontrei as notícias triviais. Poderá ter sido a minha inépcia...
As notícias na imprensa revelam as apostas estafadas que todos conhecemos e projectos emblemáticos dos quais sabemos apenas o nome. Não quero fazer juízos de valor sem conhecer o trabalho, mas esta forma de lidar com a política sem lidar com o cidadão começa a ser no mínimo revoltante.
Já não há paciência. Sinceramente.

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Está o concelho de Alcobaça em risco de desmembramento?

O comentário do nosso amigo Nabais, na sua essência, reflecte este sentimento que acredito que, cada vez mais, percorre os pensamentos de muitos munícipes. O concelho de Alcobaça é um dos maiores do país em área territorial, mas padece de um centro administrativo com fraca capacidade centralizadora. O centro do concelho é assumido pelo registo histórico da abadia cisterciense e não pelo desenvolvimento económico ou por um crescendo demográfico. Alcobaça, até ao aparecimento da A8, vivia inclusivamente num isolamento relativamente às principais infra-estruturas rodoviárias. A situação, até à construção do tão aguardado IC9, continuará a ser incompleta.
A rede rodoviária municipal, impecavelmente asfaltada, assume-se como um factor que aguça a fraca coesão local. Localidades como Pataias, Alfeizerão, Benedita, São Martinho do Porto, Moleanos, estão mais perto das sedes de outros concelhos do que de Alcobaça. Se a estas localidades do nosso concelho juntarmos as freguesias e lugares que lhes são satélites ficamos com um confuso panorama geo-estratégico local.
Naturalmente que os outros concelhos se apercebem desta realidade e, em benefício próprio, percebem a potencialidade de desenvolver parcerias e colaborações, como o está a fazer Caldas da Rainha com a Benedita.
Ao melhorar a sua ligação rodoviária com a Benedita, Caldas da Rainha consegue encurtar distâncias e, principalmente no comércio, assumir-se como a “central de compras” para o apetecível mercado da Benedita… e Turquel. Em oposição o comércio de Alcobaça definha e as temáticas de negócio tendem a centralizar-se em exclusivo na oferta para o turismo: cafetarias e lembranças. A ligação de Caldas e Benedita já tem os seus resultados com o Mercado de Santana que atrai milhares de pessoas bem para a fronteira dos dois concelhos… só que do lado de Caldas. Acordámos tarde e tivemos de apostar em Pataias. São estas pequenas oportunidades que Alcobaça vai perdendo consecutivamente porque vive numa letargia de rico falido que acha que apenas o apelido ou a mudança de conjuntura será suficiente para resolver os problemas do presente. Esta incapcidade de antecipar os desafios e ganhá-los faz com que os nossos políticos locais prometam e depois não cumpram ou protelem até que se perda o timming. Não esqueçamos que Gonçalves Sapinho, na última campanha eleitoral, assumiu a ligação rodoviária à Benedita como uma prioridade deste mandato. Veio tarde a ambição e ainda mais tarde virá a obra.
O cenário actual e futuro não será favorável a Alcobaça e o desenvolvimento comercial será particularmente difícil face à alteração de hábitos de locais e à perda de atractividade da sede do concelho. Freguesias como Casal Pardo, Cela e até a Vestiaria recorrem cada vez mais às grandes superfícies das Caldas da Rainha! Naturalmente continuam a existir possibilidades de comércio em Alcobaça, mas garanto-lhes que um investidor terá de pensar mais a sério, fazer mais contas e estudos de mercado do que se quiser investir noutros locais. Simplesmente porque não temos um clima económico favorável.
Neste momento para Alcobaça ganhar uma nova centralidade tem de ter capacidade de ir ao combate pelo investimento empresarial, porque aí ainda podemos disputar o terreno com concelhos como Caldas da Rainha ou Rio Maior. Atraindo empresas e o consequente emprego veremos se funciona o ciclo virtuoso que se reflecte no aparecimento de serviços.
A questão é sempre a mesma: somos humildes e vamos à luta? Olhamos para o investidor como alguém a quem estamos a fazer um favor? Encaramos a relação com os outros concelhos como uma saudável "coopetição"?
Os estudos não criam climas económicos favoráveis, mas as políticas podem ajudar.
Não nos esqueçamos que aquela que é a maior das reformas a relaizar no país qualquer dia terá de ser feita, nessa altura quem não se preparou será alvo de profundas transformações. Surgirão polémicas, mas os que não se preparam não terão a força do pragmatismo da política e da economia. Falo da Reforma Administrativa.
As rodovias são apenas mais um dos desafios que compõem este cenário difícil em que Alcobaça se encontra, melhor…. Em que Alcobaça se deixou encontrar. Pessoalmente aquilo que mais quero é que as pessoas vivam bem e que procurem as oportunidades que lhes garantam esse bem-estar.
Mais uma vez vamos falar de prioridades e da necessidade de Alcobaça ganhar o seu espaço. Deixo aqui alguns dos desafios para o futuro:
- Educação: absolutamente fundamental. Alguns concelhos do Oeste já têm projectos educativos municipais. Para isso temos de perceber qual a lógica de desenviolvimento que queremos para depois trabalhar a oferta, por exemplo, no ensino profissional.
- Novas tecnologias. O sucesso de algumas localidades em Espanha deve-nos fazer reflectir com a correcção de apostas massivas em áreas como o turismo para as novas tecnologias… foi o caso de Málaga. Numa área tão competitiva temos de saber exacatamente o que queremos e qual o nicho a atacar.
- Cultura. Continuamos a ter um grande potencial a nível de recursos humanos, mas não possuímos infra-estruturas que o acompanhem. A situação pode mudar ligeiramente com alguns novos equipamentos, mas não será suficiente. A minha prioridade, neste domínio, seria a aposta nas indústrias criativas. Casar a cultura com as novas tecnologias e fazer dos espaços locais (como o Mosteiro) um laboratório de novos projectos direccionados para a interpretação turística e cultural.
- Continuo a não perceber como Alcobaça não tem um museu da faiança!
Precisamos de projectos que gerem conteúdos culturais que abasteçam áreas como a seguinte…
- Turismo. É uma área vital para a economia local. Mais uma vez acordamos incrivelmente tarde perdendo por completo o efeito inovação e arrancamos numa lógica de multiplicação quando deveria ser de diferenciação. Falo do golfe. O conceito emergente é este: Turismo de Experiências. Falaremos do assunto futuramente…
- Humildade. Esta é a área onde mais temos de trabalhar. Desculpem a ironia, mas temos de ser capazes de olhar para os outros sem um certo desdém que nos atinge frequentemente. Os concelhos circundantes são agressivos (no melhor dos sentidos) e por isso antecipam e apresentam resultados. Isto é válido quer para uma estrada para a Benedita, quer para a captação de investimento estrangeiro.
Quanto à pergunta do título… sinceramente acredito que sim. O desmembramento administrativo será difícil porque sabemos as resistências a uma reforma administrativa séria em Portugal, mas a nível da relação dos munícipes com o concelho não tenho dúvidas que estamos a caminhar em direcções divergentes. E isto é tão importante para o nosso dia-a-dia como a delimitação cartográfica do concelho.
P.S. Só queria pegar no comentário do nosso amigo Nabais e já vamos com este post enorme… Abraço a todos e um excelente Ano Novo. 2007 poderá ser melhor que 2006, assim o queiramos todos!

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Sem Comentários...

“… e até a televisão… embora menos canina e mais felina ronrona no nosso colo e de seguida rasga-nos o sofá”. In “O Fim da Galáxia Gutemberg” de Paulo Querido, depois de escrever sobre o livro, o jornal e a rádio, como formas de comunicação, tem esta tirada sobre a “televisão domesticada…”
“… A mudança para o pós Gutemberg contribui para esticar o elástico social e deixar culturalmente isolados, ou no pelotão da retaguarda, os actuais letrados que recusem ou não queiram adaptar-se à comunicação – read and write.”Ou seja, “temos que nos pôr a pau com a escrita” – temos quem? Todas as gerações de todas as idades… O que há 2 anos era o limite do avanço, pertence já a outro tempo geracional no acesso ao conhecimento.Consciente disto, a Câmara Municipal vai ter o seu Canal de Comunicação.
Aos que acedem ao Site e que naveguem no espaço cibernético e encontram Alcobaça, desejo as boas vindas, e apelo a uma participação pela positiva, esperando que o ronronar não transforme, depois, o sofá em Fanico.Com espírito aberto, em canal aberto, Bem Vindos… ao nosso contacto…

José Gonçalves Sapinho, Dr. O Presidente da Câmara"

Extraordinário momento de prosa! Ou será antes um Ensaio?! Se há coisa caracteriza o nosso presidente da Câmara na sua relação com os eleitores são as sucessivas provas de confiança no bom-senso e na inteligência dos seus conterrâneos. Não há texto sem avisos, por vezes ameaças, sem críticas veladas ou declaradas, sem palavras autoritariamente a Bold. Na verdade é uma escrita aboslutamente transparente na sua forma elíptica e encriptada repleta de agradáveis referências (como tão bem recordou António Delgado nos seus Ecos e Comentários) e momentos de pura descoberta aqui nas "Fraldas da Serra" ! Humildemente convido todos os que visitam este blog a "uma participação positiva, esperando que o ronronar não transforme, depois, o sofá em Fanico". Assim tem sido em Alcobaça. Uma agradável disposição em Alcobaça para a troca de ideias e discussão das políticas que a todos nos afectam. Com que então Educação e Cidadania? Será que vamos assistir ao regresso da velha palmatória na Universidade Sénior?
Boas-Festas a todos!
P.S. Gostei de ouvir o arquitecto do Rossio ontem na RTP 2... que hábil manipulação de argumentos!

terça-feira, dezembro 12, 2006

Este post serve só para apresentar a minha pequena contribuição ao debate sobre o futuro do nosso Mosteiro. O tema é complexo e exigente por isso decidi criar outro blog só para o tema. São ideias, conceitos e afectos. Porque tudo isso se mistura quando falamos do Mosteiro. Não é nenhum projecto, nem nenhum estudo de consultoria! São ideias, antes meio soltas, que se juntam aqui para que sejam resgatadas, rejeitadas, trabalhadas ou simplesmente ignoradas. Cada um dos temas e, dentro deles, ideias exigem um tratamento vigoroso que naturalmente não posso fazer, mas aqui ficam.

Abraço e passem pela nova capela do desterro

Miguel

sábado, dezembro 09, 2006

Alcobaça uma das 7 Maravilhas

Vamos criar um movimento local e votar em massa no Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça para que seja uma das 7 maravilhas de Portugal. Estas listagens valem o que valem, mas são instrumentos publicitários que não devemos desprezar!
Inscrevam-se e votem em:

7 Maravilhas de Portugal

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Protestos em São Martinho do Porto

A pequena vila de São Martinho tem andado bem agitada com as polémicas em torno da Junta de Freguesia e das obras de requalificação. Já dei a minha opinião sobre a intervenção junto à praia, não o fiz em relação à vila porque do que tinha visto no projecto não me agradava, mas enfim... O meu silêncio partiu da naturalidade com que as pessoas de São Martinho assistiram às a presentações públicas onde terão inclusivamente aplaudido! Ora esta é uma situação muito diferente da de Alcobaça onde foram apresentadas dúvidas na primeira sessão que nunca foram esclarecidas.
Para quem está de fora e viu o projecto cresceu o pressentimento que assim que as obras começassem iria estalar a polémica. Admito que não estou por dentro de todo o processo, por isso lanço uma interrogação: afinal onde estava os cidadãos e associações de defesa quando o projecto foi apresentado? Conheccendo o processo de Alcobaça porque não marcaram presença mais intensa? Evidentemente a Câmara não vai recuar e vai voltar a intervir de forma radical onde talvez nem fosse necessário. As prioridades da autarquia continuam a não responder aos principais problemas das localidades. Em São Martinho, para podermos falar de Requalificação, teríamos de ter um conjunto de obras estruturais de apoio à remodelação da marginal. Parques de estacionamento exterior com acessos à praia e circular de desvio do trânsito para libertar a marginal. Não foi feito... orgulhosamente gastamos 5 milhões de euros numa obra de estética. Terá a sua importância, mas é como tratar uma gripe forte com um Melhoral. A gripe passa, mas não pelo rápido efeito do comprimido.
Meus senhores e associações de defesa do património local todos sabemos que ter posições contrárias tem um custo e implica coragem, debate e a humildade de reconhecermos erros. Neste caso depois de uma batalha que será perdida também terão de reconhecer o vosso. De qualquer forma exponham os vossos argumentos e assumam a divergência porque é para isso que vivemos em Democracia.

quarta-feira, novembro 29, 2006

V Seminário do Património do Oeste será em Alcobaça

A vereadora da Cultura de Alcobaça anunciou na passada sexta-feira a realização do V Seminário do Património do Oeste na nossa cidade. O anúncio aconteceu no final do primeiro dia do Seminário que decorreu em Arruda-dos-Vinhos. Foi um seminário interessante do ponto de vista dos conteúdos, mas também das linhas estratégicas que foram apresentadas por diferentes concelhos e também por particulares. A necessidade de reforçar laços de união no Oeste e projectos comuns foi também uma linha defendida em várias comunicações, caso da do antigo ministro da economia Augusto Mateus.
A tónica esteve muito colocada na relação que o património cultural deve estabelecer com o turismo. Foi também um pouco desse trabalho que fui apresentar. Contei com colegas de mesa de humor e visões intensas, um relacionado com as extraordinárias potencialidades do turismo equestre e outro com a necessidade de preservação e aproveitamento dos faróis do Oeste. A manhá de Sábado esteve reservada para a divulgação de importantes descobertas arqueológicas no Oeste. À distância foi realmente um seminário proveitoso para quem participou, quer como orador, quer como assistente, devido à amplitude dos temas tratados que incluiram inclusivamente o papel dos conservadores restauradores, missão que ficou a cargo de alguém que conheço muito bem...!
P.S. As actas do Seminário anterior no Cadaval foram lançadas nesta altura. A Câmara do Cadaval merece por isso ser felicitada, ainda por cima com um obra de boa qualidade gráfica. Tem inclusivamente alguns artigos relativos ao património arqueológico de Alcobaça e à temática da importância da água para os cistercienses, este da autoria de quem mais escreve sobre o assunto: Pedro Tavares. Trata-se portanto de mais uma obra a indispensável para Alcobaça (ao menos quando falo destas não há polémicas!).
Se quiserem mais alguma informação terei muito gosto em pormenorizar o seminário.

terça-feira, novembro 28, 2006

Mostra de Doces Conventuais de Alcobaça

Um breve comentário aos extensos panegíricos políticos aos doces conventuais: Alcobaça não é a única mostra de doces conventuais! Em Portalegre também existe e pasmem-se… num mosteiro. Não precisamos de nos pôr em bicos dos pés.
Os nossos Doces Conventuais são um sucesso, por mil e uma razões, que devemos valorizar, mas não é preciso forçar argumentos. O sucesso do evento não reside na originalidade da ideia, mas no facto de a organização ter apostado, muito bem, numa mescla de representações conventuais (a diferença) e representações locais (a emoção). Aí, na minha opinião, está a força da Mostra de Doces Conventuais. A organização vai continuar a desenvolver esta estratégia porque está certa. Quanto ao ruído político da unicidade do evento e candidaturas a património mundial da doçaria… valem o que valem. C’est la guerre!

quinta-feira, novembro 23, 2006

Duas Obras fundamentais para Alcobaça

Esqueçam lá os IC9 e VCI e Rossio… As obras de que aqui falo são outras. Depois de ter estado presente no final da tarde de ontem no Centro Cultural da Nazaré para mais uma conferência sobre a história da ocupação humana na antiga lagoa da Pederneira voltou a ser referida a obra sobre Parreitas e a presença romana na região. Toda a gente que fala desta obra refere-a como a tal “que já deveria ter saído”. São 20 anos de investigação e escavações arqueológicas, um pequeno museu no Bárrio, mas não há uma obra que contextualize todos estes componentes fascinantes (pelo menos para quem gosta de História!). A nossa vereadora da Cultura também já manifestou que a obra está para sair colocando o ónus do atraso na parte dos investigadores.
Fiquem a saber que, para além da parte de Pedro Barbosa (Parreitas e ocupação da envolvência da lagoa), estão previstos outros artigos muitos relevantes. Destaco o de Vasco Mantas relativo à rede viária romana na região. Acredito que poderá trazer algumas surpresas
Portanto a todos os envolvidos pedimos todos a maior celeridade na publicação da obra. São conteúdos culturais fundamentais.

Todos sabemos como funciona a política editorial das autarquias em Portugal. Raramente é programada, baseia-se em apoios pontuais através da solicitação dos autores. Segundo sei, a obra primordial de Iria Gonçalves (O Património do Mosteiro de Alcobaça nos séculos XIV e XV) sobre o nosso Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça está esgotada. Presumo que uma reedição seja uma ambição, mas, uma vez, que é uma edição da Universidade Nova assusta-me a perspectiva de termos de esperar uma década para que isso aconteça. À Câmara, ADEPA e Mosteiro lanço o apelo para que averiguem a situação e reúnam o estofo financeiro para que a obra seja reeditada. Fica o apelo também para novas estruturas associativas que irão surgir em Alcobaça…
Alcobaça ficaria realmente mais rica com a edição da obra sobre Parreitas e a reedição desta obra maior da historiografia portuguesa de Iria Gonçalves.
P.S. Para outra altura fica a questão São Gião da Nazaré.

sábado, novembro 11, 2006

A Locosfera

Bem… a analogia não será muito feliz, mas a ideia é que este post fale um pouco dos blogs que, felizmente, constroem e também destroem o nosso quotidiano alcobacense. Essa ambivalência é indissociável do direito de opinião. Daquilo que conheço não creio que existam blogs meramente destrutivos (que têm tanto direito de existir como outros) todos reflectem formas de estar mais ou menos arreigadas de contestação do status quo. Esta expressão faz-me pensar que aquilo que de melhor trouxeram os blogs, a nível local, foi essa capacidade de questionar a actualidade que nos era relatada pelos meios de comunicação locais. Todas as grandes questões de Alcobaça dos últimos anos foram amplamente debatidas nos blogs locais. No meu caso concreto, os que aqui passam recordam-se, talvez até demais, do que escrevi contra estas obras de requalificação do Rossio, outros centraram-se noutras áreas, mas todos expressaram a sua opinião.
Não vale a pena negar que para os titulares de cargos políticos não há nada de mais incómodo do que ter de responder a um blog por isso não o fazem. Os blogs são, na sua maioria, unipessoais e alguns anónimos. Responder-lhes, para os políticos, seria entrar numa personificação da política que não interessa que aconteça fora dos órgãos locais da democracia. É uma questão profunda e complexa que merece um espaço de discussão próprio.
Mesmo um eventual desequilíbrio de forças na blogosfera tende a esbater-se pela tradicional força de acção/reacção. Quando cresce o espaço de crítica aumentará a resposta contrária. Para mim isso é a democracia a trabalhar e será a força das ideias e perspectivas que fará a diferença. Disso não deve fugir a blogosfera nem o poder político.
Como em todos os locais em Alcobaça os blogs reflectem também os gostos particulares dos seus autores e é isso que a torna particularmente rica face à generalidade da imprensa local. Basta navegarem pelos blogs locais para perceberem este facto. Existe ainda outras características que aprecio profundamente:
- São janelas para o mundo, mas também para o nosso interior enquanto seres humanos:
- Se excluirmos a info-exclusão são o meio mais democrático de comunicação. São baratos ou grátis, podem chegar literalmente a todos os que utilizam a net, só dependem do esforço que o utilizador lhes coloca e são uma forma amigável para os leitores/comentadores.
Acham que chega para acabar com a diabolização da blogosfera?

sexta-feira, novembro 10, 2006

O Mosteiro e a Câmara

Ainda ontem lancei uma breve alusão ao arrefecimento das anteriores profícuas relações entre autarquia e mosteiro e, horas depois, pego o Região de Cister e sou confrontado com as declarações do líder da concelhia do PSD a rotular a gestão do mosteiro em tom duro. “Falta de capacidade” foram essas as palavras proferidas em relação à direcção de Rui Rasquilho.
No mesmo jornal vem um artigo sobre o mesmo tema, tipicamente de quem já o tinha guardado e estava à espera da primeira oportunidade para o lançar. O engenheiro Raul Duarte tem uma forma no mínimo peculiar de colocar as questões, mas neste caso foi mesmo mais papista que o Papa. O PSD entre vários defeitos tem qualidades que os distinguem de outros partidos. A forma como funciona e mobiliza é particularmente eficaz. As ideias vão amadurecendo internamente até que, quando se torna necessário, surge a guarda-suíça pronta a defender a causa. Não há crítica nestas palavras, trata-se de uma curiosidade paralela.
A questão fulcral e a qual grande parte de nós percebemos à muito tempo é essencialmente política, mas de política local. O PSD vê em Rui Rasquilho um potencial candidato do Partido Socialista e analisa a sua prestação nesse prisma. Para além do mais a ausência de capacidade de desenvolvimento da cidade torna-a muito dependente da prestação do Mosteiro na captação de investimento, principalmente turístico. A verdade é que se o Mosteiro não teve capacidade para captar investimentos nas áreas turístico-culturais a Câmara também não!
A reacção de Rui Rasquilho foi servida com a panache que o director do mosteiro cultiva. Uma resposta diplomática, meios que bem conhece, de quem ainda não quer colocar todo o jogo na mesa. Aí está o erro da estratégia do PSD… o timing foi mau e tentou travar a onda de mediatismo do actual director.
Pessoalmente e sem querer pensar pela cabeça de Rui Rasquilho existem alguns sinais que desvendam uma eventual ambição de conquista da autarquia. O apoio à causa perdida Daniel Adrião, a própria estratégia mediática tanto serve o mosteiro como poderia servir essa, são sinais que demonstram duas coisas: fortalecimento dos laços com o PS local num momento difícil e popularidade e reconhecimento pela população.
Tudo isto são conjecturas, mas é assim que a política funciona e por isso não é necessariamente negativa, desde que o interesse público não seja colocado em causa.
Se Rui Rasquilho tiver uma estratégia ou ambição para chegar à câmara ninguém o deve censurar por isso, principalmente se até lá fizer um trabalho excelente no mosteiro!
Quanto ao PSD… é preciso ter calma e aguardar por desenvolvimentos da oposição para definir estratégia da sucessão… ou não! A reacção de Paulo Inácio já cheira a pré-candidato…
Claro que tudo isto são conjecturas!

quarta-feira, novembro 08, 2006

Rui Rasquilho na Pública

Ainda não li, mas vou fazê-lo brevemente. Rui Rasquilho, o director do nosso Mosteiro, foi entrevistado por Maria João Seixas para a Pública do último domingo. Fiquei particularmente satisfeito por ver que o título da entrevista na capa está direccionado ao trabalho e à ideia que o actual director procura incutir no Mosteiro. Se Rui Rasquilho já tinha conquistado o espaço mediático local conseguiu agora fazê-lo num periódico de referência nacional. É um trabalho importante e que teria de ser feito depois de anos de letargia mediática. Vai ser um percurso interessante os próximos anos de gestão do nosso Mosteiro e a relação com a cidade.
Falaremos mais depois de ler a entrevista!
P.S. Já agora... Alguém reparou na maneira desabrida (mas com alguma razão) como o nosso presidente da Câmara se referiu às exposições na Ala Sul. Será a paz institucional apenas temporária ou estaremos na iminência de um regresso ao passado? Espero que não. Nem a cidade nem o mosteiro precisam desse "clima".

Ouvindo o Rossio...

Fico espantado com o que se diz e desdiz sobre o Rossio e a sua requalificação.
E sobre isto não me apetece dizer mais nada! Abraço a todos e vamos lá a ver se nos entendemos e clarificamos de uma vez por todas!

quarta-feira, outubro 04, 2006

Alcobaça, Arqueologia Medieval e Conteúdos Culturais

Numa navegação pela Internet à procura de informação deparei com o documento aqui linkado e que tem uma significativa importância para todos os que têm interesse pela história local. O autor como irão ver é Pedro Gomes Barbosa, historiador, professor universitário e arqueólogo. É o autor de uma das mais importantes obras sobre o período medieval na região Oeste e responsável pelas escavações de Parreitas, no Bárrio.
A ligação a Alcobaça é profunda como ficou demonstrado numa obra recente sobre a Agricultura nos Coutos de Alcobaça publicada em parceria pela Câmara Municipal e Associação de Agricultores da Região de Alcobaça. A obra é uma síntese histórica e etnográfica interessante e com o aliciante de possuir factos até aqui desconhecidos.
Regressando ao documento que aqui nos traz, começar por dizer que será de 1990. Era muito jovem para acompanhar estes movimentos e talvez por isso tenha lido com algum espanto a referência ao “Projecto de Arqueologia Medieval do Couto de Alcobaça”. Não sabia da sua existência. Em 1990 dizia o autor “que ainda não ultrapassou o estado embrionário, procedendo-se ainda ao levantamento sistemático de campo (juntamente com o trabalho de gabinete) para que possam ser definidos os primeiros objectivos e escolhidas as primeiras estações a escavar” (p. 8-9).
Ainda mais importante é a referência seguinte de que “Este projecto de arqueologia medieval para Alcobaça não nasceu de forma autónoma, mas, antes, fazia parte de um outro mais amplo, iniciado em 1981: o Plano Arqueológico de Alcobaça”.
Não vou avançar em explicações sobre o estado destes planos porque não conheço em profundidade todo o histórico dos acontecimentos. Uma vez que o panorama é mais ou menos semelhante em todo o lado avanço com algumas considerações genéricas de como muitos destes planos não chegam a ser concluídos. Em primeiro lugar porque isso é uma impossibilidade total, por mais que se trabalhe surgem sempre novas possibilidades. Em termos práticos os projectos perdem força ou terminam pelos seguintes motivos:
1. Geralmente são iniciativas e esforços pessoais de investigadores, arqueólogos e meros curiosos. Quando as pessoas se cansam ou seguem novos rumos profissionais há uma ausência de liderança e principalmente de competências.
2. São conceitos sujeitos à apreciação política de executivos autárquicos (que têm legitimidade para o fazer mas que raramente conseguem ver mais do que a despesa inerente aos projectos.
3. Dificuldade de apresentar resultados por parte das equipas técnicas que trabalham no terreno que levam à incompatibilização com os decisores políticos.
4. Falta de condições de trabalho (logística e recursos humanos) dos gabinetes locais de arqueologia. Em alguns locais do país passam o seu tempo em escavações de emergência.
5. O prolongar dos projectos por dezenas de anos retira-lhes capacidade de comunicação com as populações e com as autarquias. A partir desse momento tornam-se vulneráveis e dispensáveis.

Não sei o que se passou no caso concreto de Alcobaça, se foi algum destes motivos ou não, mas custa ver morrer ideias ou projectos desta relevância. O país tem feito um investimento considerável nos domínios da promoção e comunicação da sua cultura, mas corremos o risco de atingir o esgotamento dos conteúdos que dispomos. A produção de conteúdos implica investigação, filtragem e a sua passagem à fase de projecto. Depois disso temos ao dispor recursos com possibilidades educativas e económicas, principalmente para o Turismo.
Apostar no Turismo Cultural passa por enfrentar esta realidade delegando competências e recursos para projectos de investigação. Naturalmente esta é uma função dos organismos públicos, mas não pode nem deve ser um exclusivo seu. O trabalho das associações de defesa do património, um pouco por todo o lado, demonstra esta virtude que existe no nosso sistema. Usando e abusando, no bom sentido, dos contactos humanos que dispõem vão conseguindo produzir obras, umas melhores que outras naturalmente, mas vão conseguindo ser um pequeno repositório do conhecimento local. Um sistema tão esforçado tem dificuldade quando os projectos são mais complexos, não tendo capacidade operacional para os executar. Aí teremos de voltar às autarquias e ao poder central.
No caso concreto de Alcobaça deveríamos todos ressuscitar ideia, reformulando o que houver para reformular, definindo prioridades e consequentes intervenções. Com um mosteiro com uma nova alma e boas relações com a autarquia está criado um quadro que não existia há muitos anos.

terça-feira, outubro 03, 2006

O Conhecimento e as Autarquias

Dos Arquivos aos Centros Municipais de Conhecimento

Ocasionalmente, em virtude da realização de algumas conferências, somos arrastados para essas temáticas mais ou menos obscuras dos Arquivos e do Conhecimento. Se valorizamos o último conceito, em virtude da sua apropriação pelas novas tecnologias, já ao primeiro atribuímos uma despicienda indiferença. Esquecemo-nos da intrínseca relação que existe entre ambos e de como o conhecimento do passado ajuda a produzir o novo.
A ausência, em tantos concelhos do Oeste e Leiria, de arquivos municipais valorizados e funcionais são um problema grave não só de preservação do património histórico, mas também um problema de gestão administrativa das autarquias. É necessário reforçar a ideia de que um Arquivo, mesmo nos moldes tradicionais, não é um equipamento meramente cultural. Não serve apenas para preservar a memória histórica de uma região. Do seu funcionamento gera-se um valor administrativo dificilmente quantificável, mas sentido na facilidade ou dificuldade com que se processa o acesso à informação das organizações. A implementação de uma política de gestão de documentos é uma forma de rentabilização económica e um acto de gestão racional. Permite terminar com incontáveis quilómetros de papel desnecessário gerado por serviços que duplicam e triplicam a mesma documentação e por documentos redundantes.
Neste domínio Portugal vive uma realidade paradoxal. Apesar da crescente, mas insuficiente, sensibilidade para as matérias da gestão arquivística e gestão do conhecimento, e do esforço financeiro de organizações e administração pública, o sector não descola, mesmo contando com o aumento crescente de profissionais com especialização superior. A resistência à mudança é ainda muito forte e os estereótipos continuam a perdurar quando falamos de arquivos. Perdura a imagem do local atulhado, poeirento e onde apenas um demente solitário se realiza profissionalmente.
Na oposição a esse estereótipo acelero para um novo conceito. A forma como encaro a convivência entre as realidades mencionadas configura-se nesta ideia: Centro Municipal de Conhecimento.
Afinal do que falo quando aqui abordo o Conhecimento?Com a Economia cada vez mais a tomar conta da palavra podemos dizer que o Conhecimento é todo o saber estudado, publicado, mas também o saber de experiência, de vivência, que nos acompanha a todos, por vezes de forma quase invisível. É algo quase etéreo que faz de qualquer um de nós um potencial de valorização de um projecto empresarial ou de outra natureza.
Para que serve?1. Como forma de reforçar laços de união, cooperação, competição, quer numa comunidade, numa organização não governamental, quer numa empresa, apesar das dinâmicas próprias que possuem;
2. Fomento de laços de identificação entre pessoas. Por exemplo, através do conhecimento histórico para entendermos o nosso Passado e Presente, através de estudos sociológicos para nos retratarmos individual e contextualmente, através de estudos de cariz económico para percebermos as vantagens competitivas que possuímos face ao restante mundo globalizado.
3. A globalização faz-nos procurar formas de diferenciação baseadas no nosso conhecimento, mas também na inovação com que o encaramos e aproveitamos.
Chegamos assim a um ponto fulcral do conceito que defendo: o arquivo depósito de documentação acessível a estudiosos e facultador de documentos aos serviços administrativos, pode ser a visão possível, mas não deixa de ser redutora nos tempos que correm. Qual o papel que deve ser concedido ao Conhecimento ao nível local?
Aquele que assente nos pressupostos mencionados anteriormente. Assente na perspectiva de que deverá ser uma vantagem competitiva de eleição para toda a região. Isso implica que se pense de uma forma integrada abarcando instituições políticas, culturais, educativas e económicas. Perceber que, nestes domínios, não existem planos de curto prazo, tudo tem de ser objectivado num cenário, de pelo menos, uma década.

Porquê um Centro Municipal do Conhecimento?
Porque seria uma estrutura muito mais abrangente em termos de raio de acção, com capacidade de absorção e interacção com o meio económico local (não só o cultural). Porque seria uma renovação da forma como a administração pública encara o conhecimento como sector vital do desenvolvimento.

Um Arquivo Municipal tem como atribuições fundamentais as que defini anteriormente: - Preservar a documentação de valor probatório e histórico, não só da Câmara Municipal, mas também de qualquer outra instituição, entidade ou particular, com relevância local ou nacional; - Disponibilizar ferramentas de acesso a essa mesma documentação e à sua informação; - Apoiar a implementação de uma política arquivística na estrutura administrativa da Câmara Municipal, gerando instrumentos de descrição, classificação e avaliação.São necessidades primárias e às quais é preciso dar resposta como arquivo municipal ou centro do conhecimento. Neste aspecto a denominação está longe de ser o fundamental.

No entanto, enquanto Centro Municipal do Conhecimento reforçamos a forma de encarar o Conhecimento no modo como hoje é defendido por economistas, políticos e cientistas. Gerando conteúdos para o público em geral, mas assumindo posturas sectoriais, por exemplo nestes três sectores:
Economia: permitir à Cultura um papel de fomento da inovação empresarial. Por exemplo: uma empresa de faiança precisa de um estudo histórico para entender as características específicas da região em que se insere e poder utilizá-las como uma vantagem de negócio. São conteúdos desta natureza que têm de ser identificados e cujo acesso deve ser facultado pelo centro. Outros exemplos: - Uma empresa de trabalhos gráficos recorre frequentemente a documentos histórico-artísticos para as quais poderá ter de despender horas em investigação, para a qual não estão preparados, ou então recorrem a ideias e estereótipos que pouco têm a ver com a realidade. O Centro teria todas as condições técnicas para fornecer esse serviço. - Compilação de dados estatísticos disponíveis de organismos públicos e privados para sectores chaves da economia local.
Política: aumentar e qualificar a informação de referência sob a forma de dossiers técnicos fornecendo elementos de contexto aos decisores políticos. Exemplo: Gerar conteúdos para serem desenvolvidos na programação cultural municipal e desenvolvimento turístico local. Fornecer informação de referência para contextualização de grandes obras públicas.
Ciência: Tornar o centro numa plataforma de saberes. O acesso a publicações científicas, funcionando como um clipping pode ser interessante para empresas de bases tecnológicas, mas também para sectores tradicionais, cada vez mais abertos à inovação, como a agricultura. Existindo empresas da mesma base tecnológica porque terá cada uma de assinar publicações periódicas quando todas poderiam aceder num mesmo local?

O Centro Municipal do Conhecimento reflectiria, de alguma forma, a evolução da forma como se encara o conhecimento e os seus suportes, actuando de forma integrada em dois domínios:
A) Gestão arquivística. Competências básicas definidas nas atribuições dos actuais Arquivos Municipais: Avaliação, selecção e eliminação de documentação; definição de circuitos documentais e fluxo da informação da instituição; Implementação de políticas de comunicação com os utentes; Migração e implementação de novos sistemas de gestão de documentos electrónicos, etc.
B) Cenário de Partilha do Conhecimento: fazer de uma cidade ou região um território inteligente, de inovação, com o objectivo de captar dinâmicas externas e transportá-las para o seio das organizações de uma forma que gere valor; Conhecer o capital intelectual a apoiar no concelho; Fazer das novas tecnologias o veículo de circulação do conhecimento.
Concluindo… o Centro Municipal de Conhecimento é uma estrutura mais vocacionada para a partilha de conhecimento do que um Arquivo Municipal. Procura antecipar as necessidades em vez de esperar por elas. É uma estrutura transversal às necessidades de um território e seus habitantes. O conceito implica conhecimento da realidade, visão estratégica, ousadia, investimento, mas também uma rigorosa avaliação dos resultados. Mas mais do que tudo implica empreendedorismo. Afinal não é disso que precisamos? Ou isso é apenas para os privados?

segunda-feira, outubro 02, 2006

Bem gostava...

... Já aqui tinha prometido que não voltaria ao assunto. Apenas faço um parêntesis no meu silêncio, uma vez que deparei com um comentário do colega da blogosfera "alcobacense" quanto à especulação que levantei relativamente ao prémio entregue pelo Região de Leiria. O motivo do comentário está relacionado com o sucesso da obra do Rossio a nível internacional. Nem vou discutir os prémios, mas sabemos que as bienais de arquitectura baseiam a sua apreciação em critérios de natureza estética e nas memórias descritivas do projecto que lhes são enviados...
Falo-lhe directamente amigo alcobacense, mas mantendo-me distante de polémicas, sabe que raramente discuti a parte estética, é o que menos me importa, mas sabe perfeitamente que houve muito mais que me tornou desconfiado e crítico em relação ao projecto...
Os meus motivos são claros (mesmo que possam estar errados) e estão publicados neste espaço. Se acompanhou a discussão durante a obra sabe que há factos que nunca foram desmentidos e que sempre que fui atacado fui por coisa às quais nunca dei grande importância!
De qualquer maneira e como acho que estamos todos do mesmo lado, mesmo que por vezes em desacordo, ficam os meus cumprimentos. Passe por cá porque a porta está aberta... como viu durante a polémica que mencionou.
Abraço

quarta-feira, agosto 30, 2006

Diário de uma visita nocturna II

A última vez que estive em S. Martinho do Porto fez-me bem. Foi com satisfação que reparei numa série de pormenores que me tranquilizaram e me fazem acreditar nas pessoas. Não creio que tenhamos um fundo mau, por vezes acossamo-nos reagimos agressivamente, mas no fundo a grande maioria quer os bem das coisas em que estão envolvidas.
Vem este preâmbulo a propósito das obras de requalificação de S. Martinho do Porto. Mantenho aquilo que disse no que concerne à definição de prioridades e espero que a Câmara Municipal avance na circular de escoamento do trânsito que vem de Salir, que pense em soluções definitivas para o estacionamento e, depois disso, quem sabe se não será possível retirar o pouco estacionamento que resta em frente das esplanadas.
Vi nesta obra um cuidado que não vi em Alcobaça. A praça inclinada é bem menos inclinada e houve reutilização das cantarias do paredão. As árvores foram cortadas, mas foram colocadas outras que permitem uma vivência que, na verdade, não existia na sinistra praça anterior.
O cuidado com o ambiente nos acessos à praia são de uma qualidade invulgar e parecem-me uma solução duradoura para travar a erosão das dunas. A ciclovia é esteticamente bonita apesar de não me parecer muito funcional porque é muito estreita. Já o passeio me parece irrepreensível, com uma calçada muito bonita e mais espaço de circulação.
Houve uma preocupação de reaproveitamento e de revolução na continuidade que apreciei particularmente. O resultado está à vista… gente e mais gente a passear, mesmo sem iluminação definitiva.
Deixo um reparo para que a câmara, em vez de construir o elevador, prolongue o passeio até à estrada que vai para Salir. Esta interrupção de linguagens urbanísticas salta demasiado à vista e faz com que no espaço de um quilómetro tenhamos três opções diferentes: a nova, a velha e a que está a ser utilizada a partir de Salir.
De qualquer forma e apesar de todos os problemas que alguns têm vindo a denunciar, e sobre os quais não me atrevo a pronunciar porque não conheço, não deixou de ser um afagar da alma, depois desse terramoto chamado Rossio.
Inverteram-se as prioridades nas intervenções necessárias, mas estamos a tempo de fazer o que precisa de ser feito. Ah… e não aconteceram mudanças irreversíveis, daquelas que nos podemos arrepender no futuro…

quarta-feira, agosto 09, 2006

Leiam com atenção!

Finalmente a CP reconheceu o erro crasso em que rolava a sua estratégia (??) para a Linha do Oeste. Estão de volta as ligações directas a Coimbra e Lisboa.
A centralidade escolhida no Oeste, Caldas da Rainha, reflecte a realidade do posicionamente estratégico de Alcobaça. Nem uma referência à estação do Valado dos Fradesque serve a sede de dois concelhos: Alcobaça e Nazaré. A decisão é da CP, mas salvo alguns comentários ou pressões políticas, pouco foi feito para evitar esta realidade. Não há uma rede de transportes públicos que sirva a estação, não há estacionamento e não há qualquer estratégia turística local. Isto meus amigos não é responsabilidade da CP.
O tema não é fácil, mas não basta exigir ao governo e à empresa um investimento tão estrutural se não avançarmos no terreno com estratégias que permitam que funcione.
A periferia e a interdependência do concelho é cada vez maior e reflecte uma perda de vitalidade preocupante.

Notícia jornal Público

terça-feira, julho 25, 2006

Alexandre Delgado

Soube recentemente, apesar de não ter lido a notícia, de que Alexandre Delgado estaria de saída do cargo de programador do Cistermúsica. Desconheço os motivos, mas também não é sobre isso que vos gostaria de falar. Neste momento queria só felicitá-lo pelo trabalho que desenvolveu, a todos os títulos notável. Fica uma pesada herança, daquelas que só se sentem quando o que foi feito valeu a pena.
Alexandre Delgado não é só um intérprete, um músico, alia essa qualidade a outras como a capacidade de investigação histórica, os conhecimentos do meio e, além de tudo isso, é um comunicador nato. Alguém que se sente bem falando para uma plateia na Benedita ou na Gulbenkian. A propósito da Benedita não me esqueço da lição pedagógica (nunca ofensiva ou arrogante) num concerto no Centro Cultural, quando o público batia palmas sempre que mudava de Andamento. No final da obra, levantou-se e na sua forma expressiva disse qualquer coisa como isto… no mundo da música, actualmente existe uma convenção relativa a que não se deve bater palmas entre os andamentos (já tinha explicado o que eram!), mas se o quiserem fazer podem fazê-lo porque nem sempre foi assim. Noutras alturas as pessoas chegavam a bater palmas a meio da interpretação bastava que tivessem gostado da interpretação de um solista por exemplo. Já agora a próxima obra tem cinco andamentos…
O concerto continuou e o tempo entre os andamentos foi passado no mais absoluto silêncio!
Cada caderno do Cistermúsica é um manual de introdução à música, mas ao mesmo tempo uma fonte para todos aqueles que já conhecem alguma coisa. É um festival com uma programação de elite, mas que atinge públicos que noutras circunstâncias se sentiriam desfazados. O único reparo que aponto foi o facto do festival se estar a afastar de povoações como a Vestiaria, onde era claramente um evento com um impacto notável. Bem sei que o cine-teatro tem melhores condições, mas a difusão radial do festival era uma característica que seria importante não perder. Cós é a prova disso. Mas isto são factos de somenos importância no contexto deste post.
Sinceramente espero que não seja um ponto sem retorno e que exista alguma forma de Alexandre Delgado continuar a gerir o Cistermúsica. A Câmara Municipal demonstrou inteligência na sua contratação e por isso merece ser felicitada, pois ressuscitou um evento moribundo. À Câmara deixo o pedido que vá até onde lhe for possível para que o Cistermúsica continue a contar com Alexandre Delgado.

quinta-feira, julho 06, 2006

O meu novo projecto na blogosfera

Foto de Miguel Costa do Mercado Medieval de Obidos

Aí está um novo blog! Novo trabalho, uma disponibilidade diferente e um regresso à possibilidade de investigar, de conhecer o máximo possível da história de um local. Como já devem ter percebido pela foto... estou em Óbidos. Quanto ao blog logo percebem o porquê da sua existência quando lá forem. Será um espaço para curiosos sobre o evento, mas também para pessoas que querendo saber mais possam perder um pouco do seu tempo a ler.
Passem por lá e comentem e, principalmente, o espectáculo vaai acontecer de 13 a 23 de Julho!

sábado, junho 24, 2006

Toda a história e algo mais

Consegui agora ter alguns minutos para encerrar esta polémica incrível que resvalou para tudo menos para o essencial e onde se manteve um curioso silêncio sobre o motivo das minhas dúvidas: as obras e o processo como decorreram. Ao enviar um mail ao Região de Leiria pretendi manifestar a minha discordância com a atribuição de um prémio ao arquitecto de uma obra tão fracturante como a que aconteceu no Rossio de Alcobaça. Ao mesmo tempo coloquei um post, sobre o mesmo tema, neste blog. Entretanto recebo a resposta do jornal Região de Leiria.
Pedi autorização, por mail, ao mesmo jornal para publicar essa mesma resposta. Recebi um mail que, basicamente foi, o reenvio do meu e onde o único novo texto era que para mais informaçãoes teria de contactar o Departamento de Marketing. Analiso agora à distância que talvez me tenha sido reenviado porque a formatação do texto se encontrava alterada por motivos que me são desconhecidos. Não sei se foi. No entanto, como explico no post anterior, nada referia o facto de ter de esperar por uma autorização.
Sou acusado de falta de seriedade neste caso quando a minha única intenção foi colocar a DEFESA do Região de Leiria para que cada um tirasse a sua conclusão. Não consigo compreender o porquê de tão fulminante ataque.
Nunca ninguém me ouviu falar de conspirações, de trocas de administrações e filiações, tudo isso foram expressões e comentários de leitores. As minhas dúvidas foram levantadas sempre como tal. Como dúvidas. Não consigo compreender este tipo de reacções. Se tudo o que disse foi realmente tão estúpido, qual é a dificuldade em rebater as minhas dúvidas, em mostrar que são ridículas? Todas as minhas perguntas são claras e são colocadas como tal, nunca como factos consumados.
Ao Região de Leiria (jornal que sempre prezei e por isso me causou maior estupefação o prémio e esta reacção e por isso manifestei o meu espanto) só quero dizer que considero estéril esta polémica, que tenho direito à minha opinião e que sempre publicarei as suas respostas. Mesmo que para isso seja ameaçado. Repito, mesmo sobre ameaça e nunca ao contrário. Porque ao contrário do que afirmam é essa a minha conduta.
Não acuso ninguém de falta de seriedade como me foi feito pessoalmente. Apenas afirmei, como posição pessoal que mantenho, que a atribuição deste prémio, neste contexto, nesta data, fica indelevelmente ligado a um processo tão fracturante como a obra de Gonçalo Byrne. Pouco mais acrescentei ao meu primeiro texto para o jornal e no blog para ser atacado desta forma.
Apenas se trata da opinião de Miguel Silvestre, que não tem pretensões a ser dono da razão, mas meus amigos, eu que tanto falo desta questão (estou farto) ouço muito poucas respostas e ainda menos argumentos que rebatam as minhas dúvidas e opiniões.
Neste momento já nem falo para o Região de Leiria...
Com ameças ou não continuarei a dizer o que penso e a ser construtivo e crítico. Todos os que passam por este blog devem reconhecer que sempre que critiquei um caminho apontei outro. A forma estridente como se lidam com dúvidas, críticas e alternativas não nos deve inibir de continuar a pensar a sociedade em que nos vivemos, sejam eles autarquias, imprensa regional e local (peço desculpa pelo lapso...) e naturalmente cidadãos e seus espaços de opinião.
Falo daquilo que sou e do que gosto, por isso me exponho correndo o risco de que as pessoas me desconsiderem, não me compreendam e até me ofendam. Convivo com tudo isso de uma forma diferente da forma como convivo com o erro, principalmente com os meus. Se às primeiras atitudes dou pouca relevância, já quanto ao erro só o aceito quando é humilde. Por isso pedi desculpa por ter publicado a vossa defesa, apesar do processo, por isso peço desculpa por me ter deixado arrastar por esta confusão de nomes de jornais que não criei, mas não peço desculpa por pensar de forma diferente e confrontar os actores da nossa sociedade pelas opções que tomam, principalmente aqueles que estão em funções públicas, da mesma forma que me confrontam a mim quando não estão de acordo com o que digo e escrevo.
Estou cansado de falar do Rossio, dos que não admitem os erros, das reacções daqueles que durante tanto tempo defenderam a obra e a agora a criticam. Só peço a toda a gente que, neste momento, deixem as coisas assentar pois vamos todos ter que nos habituar à ideia. A fractura é profunda e a mim continuará a doer-me muito aquilo que foi feito, o que se disse, o que se mentiu em tribunal, etc. Só peço é que não seja aumentada com prémios ou manifestações de desprezo a todos aqueles que pensaram e pensam de forma diferente.
Sinceramente... desejo felicidades a todos: ao Região de Leiria e a toda a imprensa, ao arquitecto Gonçalo Byrne, ao presidente da Câmara Municipal Gonçalves Sapinho, ao Ippar na pessoa do arquitecto Flávio Lopes, aos autores das tarjas de afirmação da obra e principalmente aos que obrigaram a que fosse seguido um "plano" de contigência para o Rossio. Já temos mais árvores, uma praça a menos com inclinação, as esplanadas fora das estradas, novo saibro. A mudança foi de tal maneira que até já temos trânsito outra vez! A minha "falta de seriedade" fez-me falar de tudo isso quando era bem mais fácil dizer que sim a tudo, mas defeito ou feitio é assim que sou.
Continuem a passar por cá, porque vou tentar, e para isso preciso da ajuda de todos (!!), fechar esta mágoa que custa a passar e caminhar em direcção a novos temas porque o concelho não se esgota numa obra destas.
Abraço

A minha resposta...


Ex.ma Sra.

Recebi o seu e-mail com alguma surpresa, mas admitindo que eu possa ter sido a fonte da incompreensão. No entanto, escrevo-lhe para perguntar se não me enviou um mail (reencaminhou o meu) onde o único texto da vossa parte afirmava que para mais informação teria de contactar o vosso Departamento de Marketing?
Nada afirmava, nesse mail, que teria de aguardar uma resposta da vossa parte, pareceu-me inclusivamente de alguma indiferença face ao que tinha escrito. Assim sendo tomei a liberdade de publicar o seu texto, de forma integral. Repito, de forma integral e impoluta.
Quanto às considerações que teceu, ou melhor o seu jornal, sobre a minha pessoa, não comento. No entanto chamo atenção que todos os meus textos são identificados e não sou eu quem faz a confusão entre os dois jornais "regionais". Conheço a diferença entre ambos os jornais e o facto comentado de forma errada, foi imediatamente detectado por outro leitor do blog. Logo estranho a forma como a crítica me foi lançada.
No entanto peço as minhas desculpas pela publicação, mesmo que tenha partido de um acto de comunicação falhada de parte a parte.


Cumprimentos,
Miguel Trindade Silvestre

P.S. Reservo o direito de publicar a minha resposta no mesmo espaço, dando inclusivamente algum tempo para análise individual de cada leitor.

quarta-feira, junho 21, 2006

Resposta do jornal Região de Leiria

"Exmo. Senhor
Miguel Silvestre

Constatamos com profundo desagrado que a nossa resposta ao seu comentário, sobre a atribuição do Troféu Afonso Lopes Vieira ao Arquitecto Gonçalo Byrne, se encontra publicada no blog “Capela do Desterro”, sem autorização prévia da nossa parte.

O senhor fez o pedido para a publicar, mas não soube esperar pela resposta. A blogosfera, aquele que diz ser “o meio encontrado por todos aqueles que discordaram do processo e da obra [requalificação de Alcobaça] devido à falta de investigação jornalística da imprensa local”, exibe comentários à posição do Região de Leiria verdadeiramente inaceitáveis, pela inexactidão e sobretudo pela falta de seriedade.

A título de exemplo, registamos a confusão entre o Região de Leiria e o Jornal de Leiria e a observação que faz ao nosso “silêncio” sobre a obra de Alcobaça. A primeira revela um desconhecimento total em matéria de imprensa regional, e não local como lhe chama. A segunda é sintomática da sua falta de capacidade para ver a floresta, preferindo atentar numa árvore que não colhe as suas preferências.

Tal como o Miguel Silvestre, também achamos que os que frequentam o seu blog têm o direito à opinião, seja ela qual for, mas também de ouvir a nossa explicação e fazer o seu próprio juízo. Nesse sentido, gostaríamos que também inserisse esta nossa mensagem, para que os seus frequentadores possam ver a diferença entre blogs e jornais. Em matéria de rigor e seriedade, estamos a anos-luz.

Se não publicar esta nossa resposta, tiraremos as devidas ilações e tomaremos as medidas que entendermos convenientes.

Com os melhores cumprimentos


Patrícia Duarte"

quarta-feira, junho 14, 2006

A resposta do jornal Região de Leiria

"Exmo. Senhor
Miguel Silvestre

Em resposta à mensagem que nos enviou, na qual contesta a atribuição do Troféu Afonso Lopes Vieira ao Arquitecto Gonçalo Byrne - na categoria “Personalidade” e não “Personalidade do Ano” como refere - informamos que a decisão partiu de uma reflexão conjunta da direcção e da redacção do jornal, tendo por base diversos factores.

Como certamente saberá, a obra do Arquitecto Gonçalo Byrne não se resume ao projecto de requalificação do centro histórico de Alcobaça. É vastíssima e digna de registo. Uma pesquisa rápida no Google permite-lhe ter essa noção. Mas se não o quiser fazer, destacamos, a título de exemplo, algumas das suas participações em concursos: o Centro Cultural de Belém, com o 2.º prémio; o edifício central da Universidade de Aveiro, com o 1.º prémio; o grande espaço coberto para assembleias, no Santuário de Fátima, com o 2.º prémio; e o Parque Urbano Forlanni, na cidade italiana de Milão, com o 1.º prémio.

Porém, a intenção do Região de Leiria não é premiar a obra. Nem tão pouco, como refere na sua mensagem, “um projecto e um processo” em concreto. A intenção foi distinguir o homem e, nesse sentido, a nossa convicção é de que, enquanto profissional, Gonçalo Byrne nunca relegou para um plano secundário a responsabilidade cívica e cultural dos seus projectos de arquitectura. Nunca se furtou ao debate de ideias, nem virou as costas às divergências que as suas intervenções suscitaram. Para o Região de Leiria, essa é uma razão maior para lhe atribuir um prémio.

Foi o cunho cívico da obra de Gonçalo Byrne e o seu mérito profissional, académico e humanístico que levaram a Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa a atribuir-lhe as insígnias de doutor honoris causa e que estiveram na origem da decisão do Presidente da República de o agraciar com a Cruz de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. A estes aspectos também o Região de Leiria não fechou os olhos.

Acresce a todos estes factores, o facto de o Arquitecto Gonçalo Byrne ser natural de Alcobaça. Como sabe, os Troféus Afonso Lopes Vieira visam distinguir pessoas e instituições da nossa região.

Quanto ao comentário que tece sobre o facto de ter sido o Dr. Gonçalves Sapinho a entregar o troféu, o seu raciocínio vai longe de mais. Na verdade, foi o Sr. Presidente da Câmara que entregou o prémio pela simples razão de que Gonçalo Byrne é natural de Alcobaça.

O Região de Leiria recebe de bom grado todas as observações que os seus leitores entenderem fazer, mas não pode deixar passar em branco afirmações que não correspondam à verdade. Quando o Sr. Miguel Silvestre lamenta “profundamente” que o nosso jornal “se tenha associado a esta forma de estar na gestão pública” está a fazer um juízo errado, não só do propósito dos Troféus Afonso Lopes Vieira, como também das intenções de quem seleccionou os premiados.

Em ambos os aspectos esperamos, sinceramente, que esta mensagem o possa elucidar. Continuamos ao dispor para todos os esclarecimentos de que necessitar.

Com os melhores cumprimentos


Patrícia Duarte

Departamento de Marketing
Sojormedia, SA"

sexta-feira, junho 02, 2006

Byrne ganha um Prémio

O tema é realmente inesgotável! Dando continuidade aos comentários que estão no post anterior, gostava de realçar este facto extraordinário, que se aproxima da provocação arrogante. Gonçalo Byrne, arquitecto de renome e membro da fiel guarda de elites (conceito que está a fazer escola junto de Gonçalves Sapinho), ganhou o prémio de personalidade do ano da gala do jornal Região de Leiria!! Justificação: projecto de requalificação da área envolvente ao mosteiro! A entrega do galardão foi feita pelo próprio presidente da Câmara de Alcobaça, curioso... A cerimónia foi no cine-teatro de Alcobaça... mais curioso ainda. Tudo ajuda a credibilizar a entrega do prémio e não suscita nenhumas dúvidas quanto à sua credibilidade.
Já agora.... quanto custou a cerimónia ao jornal Região de Leiria? ou melhor... à CMA? Certamente dirão que foi serviço público ou então nem se dão ao trabalho de responder porque aquilo que interessa é a posição do Pedro Abrunhosa, ilustre alcobacense, figura que frequenta e usufruiu da cidade como qualquer outro alcobacense. Quase tão ilustre como o outro "alcobacense" galardoado! Com elites destas...

sexta-feira, maio 19, 2006

E dura, dura...

Gonçalo Byrne continua em grande forma depois do sucesso da requalificação da envolvente do nosso Mosteiro, agora estalou a polémica com o seu projecto para o Largo Barão Quintela. Byrne volta a fazer um projecto ao seu estilo... Num jardim romântico oferecido à cidade por uma dos seus mais ilustres habitantes da cidade de Lisboa do séc. XIX, Byrne vai deslocar a estátua de Eça de Queiroz, fazer uma praça à semelhança da nossa D. Afonso Henriques e colocar um parque subterrâneo a 50 m do actual parque do Camões. Um local com uma mística tão especial irá ser desmembrado ao gosto de um executivo autárquico e de um "arquitecto de renome". Mas as espantosas semelhanças com Alcobaça não terminam aqui, há ainda a posição do IPPAR. Depois deste organismo ter emitido sucessivos pareceres contra anteriores projectos, qual foi a alternativa do promotor para garantir aprovação? Chamar um arquitecto de renome... Gonçalo Byrne, pois claro. Feito um novo projecto aprovação garantida!! Apetece-me dizer que é surreal, mas é a nossa realidade, aquela que vivemos todos os dias.
Mais uma vez, um coro de anónimos, ao qual aderi em texto neste blog e imprensa local no auge da polémica do Rossio de Alcobaça, e uma colectânea de académicos são desvalorizados por um executivo eleito e por um arquitecto escolhido... e mais não digo. Entre as pessoas que se manifestaram constam Raquel Henriques da Silva ou Vítor Serrão, mas esses são historiadores, não políticos. No entanto, pode haver uma centelha de esperança, pois ao que parece Paula Teixeira da Cruz, está contra esta posição do seu executivo, que segue um erro que vem de 2003. Lá vamos nós ouvir a desculpa dos "direitos adquiridos" novamente...
Mas as polémicas Byrnescas continuam. Santana Lopes quando chegou à Câmara Municipal de Lisboa uma das primeiras coisas que fez foi chamar um "arquitecto de renome" para um projecto para a área da Ajuda e seu Palácio. Quem foi o técnico de renome? Gonçalo Byrne. Uma das vertentes desse mesmo projecto é construir aquilo que nunca foi construído no palácio... uma ala inteira. Num país que se acotovela para arranjar fundos para recuperar património histórico-cultural em ruínas, que megalomania é esta de ir terminar um monumento que não foi concluído precisamente porque não haveria dinheiro?! O que virá a seguir? As Capelas Imperfeitas do Mosteiro da Batalha, as torres sineiras do Santuário Senhor Jesus da Pedra em Óbidos??
Quando é que Portugal assume a sua dimensão e condição como uma vantagem e não com o complexo de inferioridade que faz da megalomania a única alternativa?

sexta-feira, março 31, 2006

Sucedem-se os acidentes

Mais uma vez aconteceu um acidente no Rossio requalificado. Desta vez foi uma turista espanhola que caiu do parapeito em que se transformou o passeio da Rua D. Pedro V. Um grupo de pessoas, num espaço exíguo, uma conversa, uma distração, um acidente grave. Ficámos também a saber que a ambulância demorou bastante tempo a chegar ao local, em virtude das obras no acesso à rua, mas principalmente por esse quadro surrealista que são esplanadas no meio da estrada. Lamentável.
Há pouco tempo, para grande espanto pessoal, li, no jornal mais panfletário das virtudes desta requalificação, um artigo sobre a falta de segurança da Praça D. Afonso Henriques. Ao que parece, o motivo de tão solícita alteração editorial, terá sido um proto-acidente da neta do director do jornal. Felizmente não o teve, mas quando tantos alertavam (mais do que criticavam) para a segurança da obra, outros entretinham-se em torpedear acusações de resistência ao progresso e assoberbavam de adjectivos o projecto e o executivo.
Num dos meus últimos artigos sobre as obras alertava para a necessidade de a Câmara Municipal de Alcobaça ter de lançar um programa de gestão de danos. O mal, na minha opinião, está feito, resta, então, minimizar os seus impactos. Como se faz? Analisando descomplexadamente, admitindo erros e corrigindo-os. Se para tal for necessário substituir materiais, eliminar barreiras arquitectónicas, rever estratégias de circulção, então isso terá de ser feito.
Se tal acontecer garanto que não tecerei um comentário criticando as posições anteriores,pelo contrário, serei o primeiro a congratular o poder autárquico pela humildade demonstrada. Infelizmente não tenho muita convivcção nesta hipótese...

P.S. Volto a deixar a minha apreensão com o enterramento do tanque de mergulho da fonte junto à ala Sul, que vai ficar ao nível do solo. Onde brincam ou circulam crianças os cuidados devem ser redobrados.

quinta-feira, março 09, 2006

S. Martinho: Diário de uma Visita Nocturna

Envolta na bruma, sem iluminação pública, numa noite de temporal, S. Martinho força-me a escrever sobre um assunto do qual tinha prometido a mim próprio não me envolver. Depois da marcante experiência que foram as obras do Rossio de Alcobaça receava aquilo que se pudesse fazer em S. Martinho.
Do que conhecia do projecto nomeadamente da maquete, a opinião não era favorável. Pareceu-me mais um lifiting arquitectónico do que uma obra estrutural e inserida num projecto de desenvolvimento.
Colocando sob reserva o facto de não ter interpretado bem a maquete (digo-o sem ironia) causou-me espanto o facto de se orçamentarem 5 milhões de euros e não estar contemplado duas coisas que me parecem fulcrais: um parque de estacionamento para utilizadores da praia e uma circular que afastasse o trânsito que vem de Salir para Alfeizerão, Famalicão da Nazaré ou mesmo para o núcleo antigo de S. Martinho. Deparei com um passeio alargado junto à praia, suprimindo estacionamento, a depuração de uma praça e um elevador sem glória.
Segundo sei existem componentes do património histórico local que não foram, mais uma vez, devidamente contempladas. No entanto, nem pego por aí, para não ser acusado de algum fundamentalismo profissional!
Mais uma vez foram efectuadas apresentações públicas logo todos somos responsáveis…

P.S. Uma nota surrealista para a placa de informação do espaço Palace do Capitão: “Turismo Rural”??!! Será que ninguém se lembrou de Turismo de Habitação?! E a localização da placa?! Quem entra na Marginal é absorvido por placas de informação, só faltava isso depois das construções que retiraram sol à praia. Só é preciso bom-senso…

terça-feira, janeiro 31, 2006

A Erosão da Oposição

Ao actual executivo autárquico é frequentemente criticada uma postura sobranceira face à crítica e uma dificuldade na comunicação da sua mensagem. Os resultados eleitorais demonstram que essa crítica, não estando forçosamente errada, também não tem a força que seria natural caso se confirmasse esse argumento. Se fosse essa interpretação da maioria dos cidadãos então os resultados das eleições não seriam uma vitória tão esmagadora. Também a esta equação faltaria uma última e decisiva parcela: uma oposição sólida, credível e coerente.
Em Alcobaça, neste momento, não existe oposição. Se exceptuarmos a acção de Rogério Raimundo, o vazio político, ideológico e estratégico é preocupante.
O actual vereador da CDU representa a terceira força política do concelho, muito à custa da sua imagem pessoal, conseguindo resultados que ultrapassam em muito o eleitorado tradicional comunista no concelho. Consegue mesmo ir buscar algum eleitorado tradicional ao Partido Socialista, que, na minha opinião, é uma força política que rondará os 35% do eleitorado do concelho.
Como pode então a oposição, no seu conjunto, representar este valor? A resposta é dura, mas apenas pode ser uma, falta de credibilidade.
Enquanto CDU e BE vão fazendo o seu papel de reconhecimento do seu terreno tradicional, actuando em consonância com a performance das estruturas nacionais, aproveitando o mediatismo de algumas das ideias que fazem escola nos seus partidos, no PS Alcobaça, as vitórias nacionais do partido têm pouca ou nenhuma expressão nos resultados autárquicos.
Há um concelho que não se importa votar no PS quando se trata de eleições europeias ou até mesmo nas eleições legislativas, mas que o castiga severamente quando chega à altura de votar para o executivo autárquico e para a Assembleia Municipal. Depois de dois resultados eleitorais catastróficos nas duas últimas eleições autárquicas, o concelho assiste impávido e até sereno a esta suave corrosão de uma saudável democracia local. A falta de oposição prejudica-nos a todos enquanto munícipes, faz baixar os nossos níveis de exigência e as nossas expectativas, diminui a capacidade fiscalizadora face ao executivo e diminui a necessidade de justificar medidas e opções políticas por parte desse mesmo executivo. O vazio nunca é uma alternativa.
A competitividade que estimulamos noutros sectores da sociedade também aqui tem de ser assumida frontalmente. A resposta dada pelos cidadãos é clara: não reconhece credibilidade ao projecto de oposição que tem vindo a ser defendido para o concelho. Os seus mentores e defensores políticos não colhem a credibilidade dos cidadãos, assim sendo como é que esta situação se mantém? Por diversas circunstâncias e talvez a primeira é que também aí, pelos vistos, não haverá oposição. Alcobaça sofre neste momento de um fenómeno de erosão da oposição em cadeia. Escrutinada pelo eleitorado não parecem existir oposições internas que virem posições.
Nem tudo é mau neste fenómeno, enquanto a sociedade política local perde eficácia e espaço de manobra, as posições têm vindo a ser assumidas por cidadãos e movimentos cívicos. Perde-se em capacidade estratégica e durabilidade de intervenção, ganha-se em espontaneidade e credibilidade. Os especuladores políticos também existirão nestes movimentos, mas a sua censura é muito mais eficaz do que aquela que acontece (?) nos partidos políticos.
Uma oposição credível deveria ser uma prioridade para o concelho, até mesmo para o actual executivo! Quem não deve, não teme. A acção quando assente num quadro de combate político leal e credível revela-se mais sólida.
Naturalmente que todos os que estão mais atentos às notícias locais percebem também o porquê deste texto. Não deixando de ser uma continuidade da leitura das eleições autárquicas é mais do que isso… é uma constatação da realidade e uma incompreensão perante um cenário onde o concelho perde na sua globalidade. Um principal (?) partido da oposição tão fraco, faz crescer uma letargia anestesiante no concelho e transforma a discussão política e estratégica do concelho numa manifestação deficitária e sem capacidade sincrética de enriquecimento. Se a isto juntarmos uma dose de autismo percebemos o porquê do grande eixo para o desenvolvimento da cidade ser a transformação desta região “nas fraldas da Serra” na “zona chique de Lisboa”. A tudo isto a oposição não tem posição. Não há alternativa para o estabelecido.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

A razão do meu silêncio

Brevemente espero apresentar à consideração de todos o meu projecto quanto ao desenvolvimento económico da cidade assente na mais valia cultural. Como não vivo disto e vou-me partilhando por outros projectos esta capela vai sofrendo devido à sua periferia... No entanto deixo aqui algumas das palavras-chave que darão os conceitos, que estruturarão o projecto:

- IQ magnet region
- Centro Municipal do Conhecimento
- Alcobaça Wellcome Center
- Clusters culturais
- Bienal de Arte Contemporânea

Aos interessados só peço paciência e colaboração. Enquanto isso, este é um espaço aberto a todos.

quinta-feira, outubro 27, 2005

Autárquicas em Alcobaça

Vitória em toda a linha do PSD. Esse é o facto incontornável. Pessoalmente valorizo sempre mais o mérito de quem ganha do que o demérito de quem perde. No entanto, numa análise dos resultados, ambos os factores devem ser equacionados.
Foi uma vitória de Gonçalves Sapinho e do PSD local, em grande medida porque souberam transmitir uma imagem de proximidade com os problemas das pessoas que a candidatura do PS, num desenfreado megalomanismo, não conseguiu. A actuação política do actual executivo reflecte uma visão paradoxal do poder autárquico que faz escola na maioria dos portugueses. Há uma linha de gestão farónica, de grandes obras públicas, onerosas e muitas vezes mal programadas, e uma outra linha de gestão do quotidiano ou de quintal. Ambas continuam simbolizar o poder autárquico um pouco por todo o país.
No caso de Alcobaça, não ouvimos um Projecto para o desenvolvimento da Sociedade do Conhecimento. O desenvolvimento do sector industrial continua remetido para as discussões estéreis sobre as áreas de implantação industrial e o comércio está reduzido aos poucos metros quadrados das lojas para turistas. Não houve uma apresentação de projectos pensados e planeados. Sapinho marcou pontos nos assuntos do quotidiano e quando lança a necessidade de uma nova ligação rodoviária de Alcobaça à Benedita. Muitos já tinham falado disso, mas nenhum é neste momento Presidente da Câmara Municipal! A presença esmagadora do PSD nas Juntas de Freguesia é também um facto muito importante. Sem querer fazer extrapolações de resultados eleitorais distintos, convém referir que nas últimas eleições legislativas o PS conquistou 11 freguesias. Nem todo o concelho é a Benedita, onde ganha sempre o PSD. Este aspecto só dá mais força à vitória do PSD.

Inegável é a derrota do Partido Socialista. Conseguiu ter menos 1800 votos do que nas anteriores autárquicas, já de si desastrosas. O PS fica abaixo dos 20% e apenas consegue um objectivo, continuar a ser a segunda força política do concelho. O PS consegue inclusivamente “perder” o seu actual vereador António José Henriques, que parece estar cada vez mais próximo de Gonçalves Sapinho! Da derrota do PS este será apenas o facto mais controverso e que só o vereador mencionado poderá esclarecer, no entanto tudo o resto é muito claro.
Depois deste resultado, em qualquer estrutura partidária do país, só existiria um caminho: o líder apresentar a sua demissão e o partido entrar numa profunda reflexão. Depois de uma década do mesmo executivo camarário como possível que o PS não tenha conseguido capitalizar nenhum retorno político? O cenário laranja atingiu as juntas de freguesia com uma força de tal ordem, que só a Maiorga resistiu! O PS não tem uma estratégia para o concelho que os seus habitantes reconheçam como credível, logo exequível. O seu líder estuda os dossiers, mas não consegue ser a segunda força política da sua área de residência e onde à partida deveria ser o seu terreno mais forte. Daniel Adrião é um homem marcado pelos ritmos tropicais, para quase todos os alcobacenses, o Carnaval que idealizou e realizou foi um fenómeno, mas no sentido de efémero da palavra. Essa imagem parece-me que se difundiu ao próprio candidato. Se o seu objectivo ou ambições passam pela conquista da presidência da Câmara Municipal ou muda radicalmente de estratégia fortalecendo a sua imagem ao nível de competência técnica e realização ou aguarda pacientemente que o poder esmagador do PSD no concelho se vá fragilizando, em virtude de um certo autismo que sempre acontece nessas cirunstâncias. No entanto, esta parece-me uma táctica arriscada, pois mesmo que essa seja a vontade do líder, dificilmente será a vontade dos militantes socialistas locais.

O efeito Rogério desvaneceu depois dos resultados animadores de 2001. As aspirações da CDU eram ambiciosas e quase foram atingidas: suplantar o PS como segunda força do concelho. Rogério Raimundo continua a somar aos votos do seu eleitorado tradicional, os votos dos críticos do actual executivo camarário, mas não consegue descolar em direcção ao eleitorado do centro que lhe reconhece méritos, mas que se revela incapaz de enfrentar o trauma vermelho. A sua campanha tem imaginação, mas continua execessivamente centralizada na figura de Rogério Raimundo. Falta, na minha opinião, uma estratégia que leva à identificção da CDU com uma equipa de pessoas, com competências técnicas diversias e claramente atribuídas. Só assim a CDU conseguirá criar um projecto e uma dinâmica que tem vindo a perder.

Uma palavra para os partidos mais pequenos. O CDS-PP marcou presença em circunstâncias internas muito difíceis, fruto da dedicação do seu candidato, mas revelou uma dignidade de enaltecer. Longe da espuma da discussão, dos cartazes e jantares de centenas de pessoas, definiram um objectivo modesto e apostaram na área do concelho onde são mais fortes. Saem de cabeça levantada e respeitados enquanto pessoas.
O Bloco de Esquerda, de quem se esperam resultados surpreendentes, teve resultados modestos, que revelam que não houve tempo para criar uma campanha, um programa e para agitar a sensibilidade dos habitantes do concelho. Escolheram um alvo importante, o Ambiente, mas não conseguiram dinamizá-lo e torná-lo numa referência incontornável da campanha. Isso para um partido como o Bloco de Esquerda, mesmo que a nível local, tem sempre de ser um obectivo.

P.S. Não acham estranho que só depois das eleições, um jornal local tenho publicado uma notícia sobre as investigações da Polícia Judiciária aos procedimentos que culminaram na obra do Rossio?

segunda-feira, setembro 19, 2005

Para que servem os municípios?

Para que servem os municípios? A questão, de resposta aparentemente óbvia, ganha renovada complexidade, quando se aproxima mais um acto eleitoral para a escolha dos representantes locais. Vislumbram-se no horizonte as comemorações as comemorações do 30º aniversário das primeiras eleições autárquicas, realizadas em 1976, etapa importante na consolidação de uma democracia que se estendia a todas as esferas do poder político.
Este é, pois, o momento para que se lance um olhar reflexivo sobre o que representaram 30 anos de experiência autárquica no desenvolvimento regional e no envolvimento de cada comunidade na discussão e resolução dos seus problemas, a base para a afirmação de uma cidadania plena.
É justo sublinhar o papel de muitas câmaras municipais na construção de infra-estruturas - água canalizada, esgotos -, tanto mais que tal trabalho permitiu arrancar largas franjas do território nacional de um atraso provocado por perto de cinquenta anos de regime autoritário. É a implantação desses equipamentos que permite falar em higiene e salubridade públicas. Por outro lado, foram e são as autarquias responsáveis por uma política de apoio às colectividades e associações que, concorde-se ou não com os critérios e estratégias muitas vezes introduzidos, permitem a descentralização de eventos culturais. No entanto, abundam os casos de insuficiência das autarquias, situações que mancham os órgãos do poder local e os seus representantes. Tais casos não são provocados por carências de meios que, muitas vezes, foram malbaratados em nome de ideias e políticas de desenvolvimento erradas ou inexistentes, na caça ao voto ou, mais grave ainda, em proveito próprio dos decisores.
Os casos de autarcas apanhados nas malhas da justiça por suspeita de corrupção são frequentemente notícia. As investigações em torno de presidentes de Câmara como Avelino Ferreira Torres e Isaltino Morais contam-se entre os exemplos mais mediáticos. O edil de Marco de Canavezes, agora candidato à Câmara de Amarante, parece representar o lado mais sombrio de 30 anos de poder autárquico. No poder há 22 anos, Avelino Ferreira Torres deixa atrás de si uma herança que se traduz por elevados índices de população excluída do acesso à rede pública de águas e esgotos (76 e 82 por cento, respectivamente). Uma reportagem publicada na revista Pública de 12 de Junho de 2005 revela-nos um concelho vítima do betão e de uma politica de construção de equipamentos levada a cabo sem planeamento aparente, como se o único critério de decisão fosse o próximo acto eleitoral. Aliás, a política de obras municipais, aliada à pródiga distribuição de subsídios por instituições locais de vário cariz, assume-se como o método mais eficaz de sustentar clientelas, condição necessária à sobrevivência política de muitos presidentes de Câmara, que conquistam por essa via o título de dinossauros autárquicos.
No entanto, a montante de questões como a do aproveitamento do poder em benefício próprio, sobra um grande défice de planificação concelhia, défice esse que aumenta se pensarmos numa realidade intermunicipal, em que câmaras vizinhas vivem frequentemente de costas voltadas.
É de planeamento que falamos quando questionamos infra-estruturas como a zona industrial do Casal da Areia, o seu papel no desenvolvimento económico de um concelho como de Alcobaça, a pertinência do local escolhido face aos acessos existentes aquando da sua criação, em 1992 (lembre-se que a A8 ainda não existia), e as condições concedidas de forma a atrair novas industriais.
É da necessidade de um verdadeiro planeamento para o concelho que falamos quando questionamos qual o lugar das obras de requalificação urbana em curso em Alcobaça numa estratégia de desenvolvimento. Vem, a este propósito, recordar que uma das justificações apresentadas por Gonçalves Sapinho, aquando da apresentação do projecto de intervenção no centro histórico de Alcobaça, prendeu-se com a necessidade de não deixar de trazer para o concelho verbas do III Quadro Comunitário de Apoio que, de outra forma, escapariam. Parece mais que questionável a utilização de argumentos desta ordem para justificar a premência de um projecto que, pela sua grandiosidade, terá óbvias consequências no dia-a-dia dos munícipes, tanto mais que a utilização de verbas da União Europeia é feita a título de comparticipação, o que implica um grande esforço para as finanças camarárias.
Não pretendo deitar mais achas para a discussão acerca do mérito estético ou a funcionalidade da intervenção no Rossio, a conformidade da obra com um certo legado histórico. Não pretendo sequer questionar a necessidade de alterar a relação entre o Mosteiro e a praça que lhe é fronteira, realçando a monumentalidade daquele edifício, ou averiguar até que ponto o resultado final cumpre aquele objectivo. O que está em causa é, sublinho, a necessidade de se pensar estrategicamente a realidade concelho, e que a necessidade de valorizar turisticamente o território dos contos de Alcobaça englobe também zonas mais periféricas como o litoral norte do concelho.
Mas antes de pensar em valorizar e rentabilizar o património natural e construído, é necessário que a Câmara não esqueça as suas responsabilidades no que toca à preservação do que já existe, para que não se repitam erros como os que ameaçam as falésias de São Martinho do Porto e que obrigarão ao dispêndio de recursos públicos em mais projectos de requalificação.

José Augusto Pereira

domingo, setembro 04, 2005

A polémica saudável continua

Comentário de Pedro Cintra

“Para aqueles que sempre olharam para o Mosteiro, o que vêem hoje é uma fachada sem proporção, soterrada, uma escadaria anulada, uma adulteração de prioridades. Com esta praça a fachada do Mosteiro à sua construção barroca não teria esta configuração, as cotas dos terrenos seriam rebaixadas (solução mais que provável) ou então teríamos uma fachada de maior dimensão do que a actual."Pediu para rebater apenas um dos seus argumentos. Não o pretendo fazer. Apenas escolhi esta sua afirmação para tecer algumas considerações que o possam elucidar.Em primeiro lugar o Rossio nunca foi uma praça. A sua origem resulta de um espaço sobrante entre a Abadia e a Vila, aquilo que o arquitecto Gil Moreira classificou de "terra de ninguém". Daí que o anterior desenho do Rossio, acentuando uma axialidade da fachada do mosteiro com o seu espaço fronteiro, fosse a procura de uma regra geométrica artificial, pelo facto de negar a história e o património que este espaço "carregava": a sua relação com a orografia(relevo do terreno) e a hidrografia (a proximidade dos rios).O trabalho de Byrne para o Rossio assenta sobre estas prerrogativas.Em relação à fachada barroca da Igreja do Mosteiro e às suas proporções, lamento desiludi-lo mas, aquando da sua construção, as cotas do terreno eram ainda mais altas. As escadas de acesso à Igreja tinham originalmente apenas um lanço(para sul), um lanço e dois degraus (para poente), e um lanço e 4 degraus (para norte). O rebaixamento de cotas foi feito para aumentar(?) uma monumentalidade (que o Mosteiro sempre tivera) aquando da visita da Rainha de Inglaterra ao nosso País (e a Alcobaça).Daí que também não compreenda tanto alarido por caso do encobrimento de uns degraus que, efectivamente, nunca existiram.Relativamente ao comentário de Dora Mendes também apenas dois reparos:
1. o sistema hidráulico a juzante do Mosteiro encontra-se apto a funcionar devido, precisamente a estas obras. Foi desobstruído e reposto.
2. o muro que o Miguel considera um "capricho" do arquitecto corresponde a uma correcção histórica, se assim posso dizer.Por ali passava a cerca do Mosteiro e posteriormente ali foram edificadas algumas construções que delimitavam o agora Largo D. Afonso Henriques do espaço do actual Rossio. Foi demolida em 1840 por deliberação camarária o que veio a permitir passagem da EN1 mesmo em frente ao Mosteiro. Com este muro "caprichoso" volta, a distinguir-se estes dois espaços, valorizando-se precisamente o "bebedouro" como se lhe refere a colega de blog Dora Mendes, permitindo que este espaço volte a ser, como outrora foi denominado, o Largo do Chafariz.Esclareço também que os meus comentários não assentam em questões de gosto.Apesar de considerar que o gosto se discute...Um abraço.”



Respondendo aos seus argumentos Pedro devo dizer a título de preâmbulo que me parece que as nossas divergências quanto ao processo e ao seu resultado só poderão ser debatidas à mesa de um qualquer café, com uma longa tertúlia!
No entanto não posso deixar de contra-argumentar... Tenho ouvido todos os defensores do projecto utilizarem o argumento, que o Pedro também invoca, de que o “Rossio nunca foi uma Praça” e utilizando uma expressão do arquitecto Gil Moreira, “terra de ninguém”, para defender essa alegada continuidade histórica.
Primeiro o nome do artigo do arquitecto Gil Moreira onde essa expressão é utilizada é o seguinte: “Rossio de Alcobaça. Praça ou terra de ninguém?”. Atente no pormenor da interrogação. Logo na introdução do artigo o autor refere: “O Rossio, antigo terreiro fronteiro aos estabelecimentos monacais, embora incluído dentro da área antiga cerca (até para fácil acesso às margens do Rio Baça) era uma espécie de terra de ninguém, pois não existindo à partida núcleo urbano, também não seria habitualmente frequentado pelos monges, cuja rotina diária se desenrolava no interior da grande massa edificada.”
O projecto anterior do Rossio padecia realmente da acentuada “axialidade da fachada do Mosteiro” por isso nunca o defendi, por isso também queria a mudança, e me entusiasmei com a possibilidade de uma requalificação séria. Mas aquilo que anteriormente o Mosteiro possuía era a vivência cruzada de praça, onde os locais no seu quotidiano se misturavam com turistas. Neste momento no Rossio somos todos turistas.
Não se pode afirmar que o Rossio nunca foi uma praça.
Sabia que o arquitecto Gonçalo Byrne manifestou o seu espanto de desconhecimento quando lhe avançaram uma explicação para o facto do Rossio, durante tantos anos ter sido em saibro ou terra e ter a configuração que lhe conhecemos? Dizia o amigo que com ele falou que o Rossio era um espaço de treinos militares das milícias locais, que ali faziam os seus exercícios duas vezes por ano! O desconhecimento histórico do arquitecto é gritante e indesculpável para alguém que joga permanente com o seu passado no Mosteiro e em Alcobaça como factor de credibilização.
O Pedro refere ainda a questão da escadaria e da fachada. Escolheu o parágrafo aparentemente menos factual do meu texto, o que considero de engenhosa acutilância! No entanto quando escreveu a descrição da escadaria (sinceramente desconheço a fonte de onde a retirou) pergunto se conhece a seguinte: “a sua forma [fachada] é a seguinte: vindo de fora a entrar na igreja se oferece primeiro um átrio descoberto alto e quadrado, chamado vulgarmente patim com três faces e três entradas (...) sobem a ele por três escadas metidas no corpo do mesmo átrio; a da face principal (...) é largo 52 palmos e tem 18 degraus (...) as outras duas têm igual largura e altura e estão uma a norte, a outra a Sul” (SANTOS, Frei Manoel dos. Descrição do Real Mosteiro de Alcobaça. 1716, p. 33). Fica assim constatado que a leitura da fachada e da escadaria não é tão linear como apresentou. A escadaria era igual em todas as suas faces, mesmo com a inclinação do terreno. Apesar disso mais uma vez afirmo que a questão dos degraus está longe de ser o problema que mais me incomoda. O mesmo não posso dizer da leitura da fachada. Pergunto ao Pedro se a anulação da escadaria principal, do acesso principal ao Mosteiro, também foi uma “recolocação histórica”?
Em relação ao desnivelamento do terreno terá o arquitecto dado a devida atenção a estas palavras: “A parte do terreno mais elevada [frente à Ala Sul] tencionavam os frades nivelar para que o edifício ficasse completamente simétrico. Sabemos isto por umas escavações onde apareceram os alicerces que indicavam essa futura obra” (NATIVIDADE, M. V.. O Mosteiro de Alcobaça. 1885, pp. 87-88)?
Já no séc. XIX e inícios de XX as cotas estavam mais baixas, existindo um número maior de degraus visíveis do que aqueles que refere. As cotas não podem então só ter sido alteradas quando da visita da rainha de Inglaterra. O que disse não é factual.
Em relação aos comentários ao comentário de Dora Mendes aproveito para o elucidar do seguinte:
O sistema hídrico do Mosteiro funciona quando o vir a funcionar, por mais garantias que me possa dar. Não foi desobstruído, foi parcialmente destruído e substituído por caixas de betão e tubagens. Mesmo que o seu fluxo seja respeitado não foi a sua integridade. Tenho fotografias que o demonstram. Desculpe Pedro, mas é verdade. O sistema tinha tudo para funcionar integralmente, assim a obra o tivesse projectado.
Não considero um “muro um capricho arquitectónico”, considero toda a obra. Aqui o Pedro referiu-se ao muro da praça D. Afonso Henriques, mas não era a esse que Dora Mendes se referia. Falava do Muro que acompanha o patim em frente da Ala Sul. A voluta que foi deslocada para assentar o muro caprichoso é o "dique para suster o saibro". Neste local nunca houve muro nenhum.
Já que fala na praça D. Afonso Henrique, gostava de perceber em que sondagem arqueológica se baseia então a construção desse muro que, como afirma, “corresponde a uma correcção histórica”, e que nos remete para a antiga cerca do Mosteiro. Seria mesmo ali, não seria mais no centro da praça? Pergunto apenas...
Quanto ao “bebedouro”... assim foi chamado porque era um chafariz que serviria para os animais matarem a sede. Que estranho essa valorização de um chafariz de fins tão pouco nobres e nada condicentes com a linguagem requintada da obra. Não terá ido esta recolocação histórica um pouco longe demais. Se o respeito e o conhecimento do património tivesse imperado este seria um chafariz que não teria sido elevado, pois agora apenas o animal homem lá chega, e a bica continuaria a ter a altura que tinha para encher um cântaro. Até os apoios que lá estavam para esse propósito foram retirados. Sabe que em tempos, à frente da bica, estavam colocados três pinos em pedra (que foram retirados para um dos arcos que ligam as duas praças) que tinham como função não permitir que os animais bebessem no espaço das águas potáveis. Aos animais pertenciam os espaços laterais. São pormenores, bem sei, mas têm muito da essência das peças e espaços. Estes poderiam ter sido utilizados para valorizar o largo do chafariz...
Já agora Pedro que me diz daquilo que foi feito à fonte da Ala Sul? Pessoalmente não me fascinava, mas também não me chocava, ao contrário do que agora está feito. Desmontar uma fonte e enterrar a sua última taça!? É bom que alguém pense no perigo que representa uma piscina com mais de um metro de profundidade, num espaço onde andarão crianças a brincar. Até me arrepio quando penso na gestão da segurança que não existe nesta obra...

Não gostaria que lhe parecesse arrogante, ma apesar de não ser arquitecto, procuro perceber as dinâmicas do património e do ambiente em que está inserido, mas para além disso sou um cidadão que quer acreditar nas instituições e nas pessoas. Não posso aceitar que se minta em tribunal, que se violem classificações, que se gastem milhões de euros em caprichos num país em crise. Não posso aceitar que as pessoas e o património não tenha sido o eixo desta intervenção. Estão aí as eleições e o actual executivo camarário quase de certeza ganhará, logo sentir-se-á legitimado para acreditar naquilo que fez. Eu penso de forma contrária.
Quanto mais procuramos reescrever a História, mais imperceptível esta se torna para futuras gerações. Por tudo isto aguardo com alguma ansiedade a publicação dos relatórios das sondagens e das escavações (?) arqueológias da obra.

P:S. Coloco este espaço à sua inteira disposição para algum texto que o Pedro queira aqui colocar, com o destaque que um comentário a um post não possui. Apenas pela extensão do meu comentário aqui o coloquei, acho que é de inteira justiça se quiser responder fazer-lhe o mesmo. Este é um espaço livre, de debate de ideias e princípios. Teria muito gosto. Está à disposição.