terça-feira, janeiro 31, 2006

A Erosão da Oposição

Ao actual executivo autárquico é frequentemente criticada uma postura sobranceira face à crítica e uma dificuldade na comunicação da sua mensagem. Os resultados eleitorais demonstram que essa crítica, não estando forçosamente errada, também não tem a força que seria natural caso se confirmasse esse argumento. Se fosse essa interpretação da maioria dos cidadãos então os resultados das eleições não seriam uma vitória tão esmagadora. Também a esta equação faltaria uma última e decisiva parcela: uma oposição sólida, credível e coerente.
Em Alcobaça, neste momento, não existe oposição. Se exceptuarmos a acção de Rogério Raimundo, o vazio político, ideológico e estratégico é preocupante.
O actual vereador da CDU representa a terceira força política do concelho, muito à custa da sua imagem pessoal, conseguindo resultados que ultrapassam em muito o eleitorado tradicional comunista no concelho. Consegue mesmo ir buscar algum eleitorado tradicional ao Partido Socialista, que, na minha opinião, é uma força política que rondará os 35% do eleitorado do concelho.
Como pode então a oposição, no seu conjunto, representar este valor? A resposta é dura, mas apenas pode ser uma, falta de credibilidade.
Enquanto CDU e BE vão fazendo o seu papel de reconhecimento do seu terreno tradicional, actuando em consonância com a performance das estruturas nacionais, aproveitando o mediatismo de algumas das ideias que fazem escola nos seus partidos, no PS Alcobaça, as vitórias nacionais do partido têm pouca ou nenhuma expressão nos resultados autárquicos.
Há um concelho que não se importa votar no PS quando se trata de eleições europeias ou até mesmo nas eleições legislativas, mas que o castiga severamente quando chega à altura de votar para o executivo autárquico e para a Assembleia Municipal. Depois de dois resultados eleitorais catastróficos nas duas últimas eleições autárquicas, o concelho assiste impávido e até sereno a esta suave corrosão de uma saudável democracia local. A falta de oposição prejudica-nos a todos enquanto munícipes, faz baixar os nossos níveis de exigência e as nossas expectativas, diminui a capacidade fiscalizadora face ao executivo e diminui a necessidade de justificar medidas e opções políticas por parte desse mesmo executivo. O vazio nunca é uma alternativa.
A competitividade que estimulamos noutros sectores da sociedade também aqui tem de ser assumida frontalmente. A resposta dada pelos cidadãos é clara: não reconhece credibilidade ao projecto de oposição que tem vindo a ser defendido para o concelho. Os seus mentores e defensores políticos não colhem a credibilidade dos cidadãos, assim sendo como é que esta situação se mantém? Por diversas circunstâncias e talvez a primeira é que também aí, pelos vistos, não haverá oposição. Alcobaça sofre neste momento de um fenómeno de erosão da oposição em cadeia. Escrutinada pelo eleitorado não parecem existir oposições internas que virem posições.
Nem tudo é mau neste fenómeno, enquanto a sociedade política local perde eficácia e espaço de manobra, as posições têm vindo a ser assumidas por cidadãos e movimentos cívicos. Perde-se em capacidade estratégica e durabilidade de intervenção, ganha-se em espontaneidade e credibilidade. Os especuladores políticos também existirão nestes movimentos, mas a sua censura é muito mais eficaz do que aquela que acontece (?) nos partidos políticos.
Uma oposição credível deveria ser uma prioridade para o concelho, até mesmo para o actual executivo! Quem não deve, não teme. A acção quando assente num quadro de combate político leal e credível revela-se mais sólida.
Naturalmente que todos os que estão mais atentos às notícias locais percebem também o porquê deste texto. Não deixando de ser uma continuidade da leitura das eleições autárquicas é mais do que isso… é uma constatação da realidade e uma incompreensão perante um cenário onde o concelho perde na sua globalidade. Um principal (?) partido da oposição tão fraco, faz crescer uma letargia anestesiante no concelho e transforma a discussão política e estratégica do concelho numa manifestação deficitária e sem capacidade sincrética de enriquecimento. Se a isto juntarmos uma dose de autismo percebemos o porquê do grande eixo para o desenvolvimento da cidade ser a transformação desta região “nas fraldas da Serra” na “zona chique de Lisboa”. A tudo isto a oposição não tem posição. Não há alternativa para o estabelecido.

3 comentários:

capeladodesterro disse...

Parece que vão acontecer mudanças na estrutura local do PS... Daniel Adrião irá abandonar a liderança da concelhia e dedicar-se aos cargos de vereador e de assessor ministerial. Por cá fica Rui Alexandre... Não me parece que vão acontecer mudanças, muito menos positivas. Veremos se a erosão continua.

Anónimo disse...

qual deles o melhor!! Daniel adrião ou Rui Alexandre, O PS deveria ter vergonha de ser liderado na onclehia por pessoas com tão pouca capacidade.

Anónimo disse...

Pois a vida da oposição não é facil quando se tem um governo bom ou um executivo camarário com ideias e capacidade para as por em pratica.

No caso de Alcobaça são duas tragédias juntas, gente na Camara que não presta , e não escapa um, incluindo o da CDU, embora teoricamente acredito que faria melhor que o resto de chicos espertos, e oportunistas que lá temos, só que já se conformou com os 70 contos mensais e o telemovel de borla , A vida está dificil???.

Agora falar de oposição, tem tudo para malhar , para mostrar ideias vir para os jornais , mas não aparece porque não tem capacidade nenhuma para o fazer.

Mas ela vai aparecer quando houver novas eleições, então e os tachos!!!!? têm que calhar a alguém.

Bem o Daniel sofre do sindroma de ser de Alcobaça, bem , também tem outros problemas são certamente secundários comparados com os primeiros.
O Daniel organisou uns Carnavais que foram o melhor que se fez até então, progectou Alcobaça com custos reduzidos trouxe a Sic etc etc.
A (Dra) Alcina também quiz fazer um Carnaval e lá se foram 30000 contos do nosso dinheiro, Estamos conversados não estamos?

Quanto aos executivos do PS e do PSD a coisa é só uma questão de moscas o resto não há diferença nenhuma.

Não há partidos há sim um grupo de tipos com rotulos ( setas ou rosas),sem qualificação que aspiram através da politica arranjar tachos .
Assim vai a politica na nossa terra e nas outras é a mesma coisa, é só uma questão de quantidade .
Um dia isto vai mudar quando ? é dificil prever.