terça-feira, agosto 16, 2005

Fogo e Areia


Pedro e Ines de José Aurélio

Depois do texto anterior este é o timing ideal para deixar neste espaço uma recomendação para todos os que gostam de aqui passar para reflectir em letra grande comigo. A coragem de falar, de pensar, de ser livre, é a coragem de criar. Mesmo que não seja arte, como a de José Aurélio. Para mim é isso que representa a escultura de José Aurélio. É assim que o encaro. Livre. Bem sei que hoje ser livre não é uma qualidade que empolgue as massas, envolve mesmo algum lirismo, mas pessoalmente continuo a querer ser livre. Eu, que nunca fui outra coisa.

Depois, José Aurélio tem outra coisa que admiro: cria. Também não é empolgante! Os tempos são de produção em série e a arte é equiparada à decoração de interiores ou ao carimbo de espaços públicos. Admiro a sua arte também pelo incómodo. Um incómodo inato à inteligência, à fundamentação estética, e à visão do criador como um material da arquitectura do Mundo. Este também não será grande elogio, os tempos que correm não são de incomodar, mas de acomodar. No entanto, ele é livre e cria. Cria a obra, mas não a limita quanto à sua compreensão, pois guarda uma parte do seu tempo para ums preciosos minutos de conversa comigo ou com outra pessoa qualquer. Quando se é, não se precisa de parecer.

Posto isto, deixem-me por uma vez parecer o sacerdote deste templo e repicar os sinos. Repicar até todos aparecerem na Galeria Nova Ogiva, em Óbidos para a exposição "Fogo e Areia". Sejam livres... talvez voltem com vontade de criar.

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