quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Carta Educativa II

A Carta Educativa

Da análise superficial que consegui fazer ao documento de trabalho enviado pelo José Alberto Vasco ficam-me algumas interrogações quanto ao conteúdo. Para já ficam de fora as considerações sobre o ensino básico, muito centrado nas relações entre a evolução demográfica e a construção ou encerramento de novas escolas
No que concerne às propostas mais sonantes fica uma sensação (que espero existir por se tratar de um documento preliminar) de alguma desilusão.
a) Alcobaça volta apostar em sectores e cursos que os concelhos limítrofes já apostaram, caso dos cursos de gastronomia e informação turística. Basta olharmos para Caldas da Rainha e Óbidos e provavelmente a Nazaré. A hipótese até fará sentido se o concelho conseguir atrair e gerar investimentos que garantam empregabilidade aos alunos. Esta não tem sido a realidade e o investimento não se decreta…
b) A aposta numa escola (ou curso) de artes parece uma ideia clara de aproveitar a Academia de Música, por isso parece-me mais interessante focalizar a missão na música. Para além disso, Caldas da Rainha já terá dado passos na direcção das áreas do espectáculo.
c) Existe um inexplicável silêncio em relação à agricultura. Parece-me estranho que o sector económico que mais vitalidade e inovação tem demonstrado não tenha um paralelo educativo. Os projectos de investigação científica associados à maçã de Alcobaça, por exemplo, têm de gerar valências educativas. Áreas como a higiene alimentar e a qualidade e certificação de produtos são áreas de futuro, nas quais temos de apostar.
d) As generalidades em relação às novas tecnologias são também um foco de suspense, pois são remetidas para a Benedita, enquanto apoio à área de localização empresarial. Não há, portanto, um sinal de quais as áreas que a autarquia pretendia atrair ou para quem procurará gerar um ambiente favorável. Este, no entanto, não é um problema da educação.
e) Depreende-se também que a autarquia esquece sectores tradicionais da economia local como a cerâmica ou o vidro, que são relegados à categoria de arqueologia industrial. Se assim é, pelo menos aproveite-se esta vertente! Esta posição, face aos sectores industriais, merece uma reflexão profunda para percebermos se se trata de um questão conjuntural ou estrutural.
f) Não me parece também que existam projectos para o norte do concelho e aqui entraríamos em ensino profissional para indústrias de vocação tecnologia. A força do tecido empresarial ligado aos moldes necessita de funcionários qualificados e o concelho não pode ficar para trás em domínios de investigação e desenvolvimento.
g) Áreas como a geologia e a transformação de materiais geológicos também não foram contempladas e poderiam ser uma hipóteses para darmos o passo para uma indústria transformadora e não apenas extractiva. É esta ligação ao tecido económico que está pouco presente neste projecto.
Aguardamos com alguma ansiedade o desenvolvimento do trabalho e o envolvimento de especialistas (o que manifestamente não é o meu caso) para que a carta consiga ser um documento de referência estratégica para o concelho.
P.S. E por favor sejam humildes e apresentem publicamente o trabalho. Ao contrário do que pensam não estamos aqui só para dizer mal.

2 comentários:

capeladodesterro disse...

Ficámos a saber por um comentário de Eduardo Nogueira no blog Terra de Paixão (linkado a um post aqui da capela) de algumas incongruências na posição da oposição, nomeadamente dos 9 dias que esta terá tido para analisar o documento. Assim se vão entretendo. Quanto ao silêncio do que aqui se escreve... nada a dizer. Somos, comuns cidadão, obrigados a ter que conhecer essas insondáveis agendas políticas para termos direito a opinião!

capeladodesterro disse...

Parece que, mais uma vez, a discussão sobre o nosso futuro nos foi sonegado nos habituais tacticismos políticos. E se este assunto era importante...